Com a gestão da pandemia nos lares a ser escrutinada pela polícia federal (FBI) e procuradoria, e depois de uma das principais assessoras de Cuomo ter admitido uma gestão política da informação sobre vítimas mortais nos lares, hoje a influente congressista Ocasio-Cortez defendeu uma "investigação completa" e a retirada a Cuomo dos poderes especiais de gestão que atualmente detém.
"Apoio o regresso do nosso Estado a uma governação igualitária e estou com os nossos legisladores locais no apelo a uma investigação completa à gestão dos lares de idosos por parte da administração Cuomo durante a covid-19", disse Ocasio-Cortez em comunicado.
"Os comentários da secretária do governador justificam uma investigação completa", adiantou a congressista democrata, da ala progressista do partido.
Em causa está a admissão por uma das principais assessoras do governador democrata, Melissa DeRosa, de que alguns dados sobre as mortes de idosos em lares não tinham sido partilhados com os legisladores estaduais por receio de que pudessem ser usados pela Administração Trump contra Cuomo.
O governador defendeu-se esta semana dizendo que, no período em causa, a sua equipa estava assoberbada.
Também o "mayor" democrata da cidade de Nova Iorque, Bill de Blasio, defendeu hoje o regresso a uma "governação normal no Estado", com a retirada dos poderes especiais a Cuomo, algo que os legisladores estaduais republicanos vêm pedindo.
A nível estadual, os legisladores republicanos têm também vindo a apelar a investigações judiciais a Cuomo e o líder da minoria republicana na Câmara estadual, Will Barclay, defende que o governador deve imediatamente ficar sem os seus poderes de gestão de emergência, que irão expirar em abril.
A nova congressista republicana eleita pelo Estado de Nova Iorque, Claudia Tenney, tem sido uma das vozes mais críticas em relação à gestão da crise por Andrew Cuomo, pedindo uma investigação à mesma pelo Departamento de Justiça.
Um relatório do final de janeiro da procuradora-geral do Estado, a democrata Laetitia James, deu conta de erros na contabilização de vítimas nos lares de idosos estaduais.
Em vez de 8.500 vítimas mortais inicialmente reportadas, o número real estará próximo das 15 mil, admite agora o Governo estadual, que atribui a diferença a uma "recategorização" - inicialmente, eram contadas apenas as vítimas mortais em lares e não as mortes que ocorriam já em hospital.
Cuomo voltou hoje a insistir que está a ser alvo de "ataques políticos", que é "mentira" que a sua Administração tenha partilhado números inexatos, e anunciou uma "reforma legislativa radical" para aumentar a "transparência" na gestão de lares de idosos.
A reforma, afirmou, visa "fazer com que os operadores dos centros prestem contas se houver má gestão e ajudar a garantir que os lares deem prioridade ao cuidado dos pacientes em relação aos lucros", tornado "permanentes as lições aprendidas com a covid-19".
Depois de o Departamento de Saúde ter sido legalmente intimado pela AP para divulgar outros dados, apurou-se que mais de 9.000 recuperados de infeções por coronavírus foram enviados de hospitais de volta para os lares no início da pandemia, 40 por cento mais do que o Estado havia inicialmente informado.
Inicialmente, o governador havia recusado que esta política tenha levado a um aumento de incidência de casos em lares, argumentando que os recuperados já não poderiam transmitir a doença e que os lares já tinham casos anteriores, mas a partir de maio deixou de usar tais argumentos, perante a falta de certezas científicas.