A agência humanitária da ONU também afirmou, num novo relatório citado pela Associated Press (AP), que as forças de defesa da Etiópia continuam a ocupar um hospital na cidade de Abi Adi, "impedindo que até 500 mil pessoas acedam aos serviços de saúde", numa região onde o sistema de saúde colapsou em grande escala, depois de saques e de fogo de artilharia.
As preocupações crescem acerca do destino das cerca de seis milhões de pessoas da região de Tigray, dado que os combates continuam intensos entre as forças etíopes e aliadas e as apoiantes dos líderes fugitivos do Tigray, que anteriormente dominavam o Governo da Etiópia, segundo a AP.
"As necessidades são tremendas, mas não podemos fingir que não vemos ou ouvimos o que se está a passar", disse a presidente etíope Sahle-Work Zewde, numa declaração na sexta-feira, depois de visitar a capital de Tigray, Mekele.
Num dos comentários públicos mais francos até agora proferidos pelo Governo da Etiópia, a presidente assinalou os "atrasos significativos" de apoios "que continuam sem chegar às pessoas necessitadas", refere a AP.
Na sexta-feira, as autoridades etípoes disseram que a ajuda humanitária chegou a 2,7 milhões de pessoas no Tigray, mas o relatório da ONU indica que a resposta atual é "drasticamente inadequada", mesmo que tenha sido feito algum progresso.
O Governo da Etiópia nega a presença de soldados eritreus no Tigray, mas as autoridades interinas da região confirmaram a sua presença e acusaram-nas de saquear ajuda alimentar, de acordo com uma recente entrevista à rádio Voz da América.
A região tem sido palco de confrontos desde que o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, lançou, em 04 de novembro, uma operação militar contra as forças da Frente Popular de Libertação do Tigray, que governava a região e que desafiou a autoridade federal durante vários meses.
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