"Temos que ter muito cuidado para evitar uma terceira vaga", declarou o primeiro-ministro, Alexander De Croo, durante uma conferência de imprensa convocada hoje de manhã.
Os apelos para que sejam dadas perspetivas de reabertura aos setores do entretenimento e da restauração, praticamente sem atividade há quatro meses, têm-se multiplicado, mesmo no seio da maioria governamental.
Ao lado do chefe do governo, os virologistas que atuam como porta-voz das autoridades de saúde explicaram que a cautela se justifica, nomeadamente devido à incerteza sobre a contagiosidade (frequentemente considerada muito maior) das novas estirpes do vírus em circulação.
"A sua evolução ainda não é totalmente previsível, são as semanas, o mês, mês e meio que temos pela frente que nos permitirão" medi-la melhor, afirmou um dos virologistas, Yves Van Laethem, classificando a situação belga de "precária".
Precisou que a variante identificada no Reino Unido representa atualmente "37-40%" das novas infeções registadas na Bélgica, onde circulam também em menor escala as estirpes descobertas na África do Sul e no Brasil.
O governo belga apresentou projeções científicas da propagação da pandemia de covid-19 no país, indicando que seria muito arriscado aliviar significativamente em breve as restrições atuais.
Com base num modelo de alívio das medidas de restrição a partir da próxima semana, o estudo indica que a Bélgica poderia enfrentar o seu maior aumento até agora de casos de SARS-CoV-2, enquanto uma diminuição semelhante das restrições a 1 de abril mostrava um aumento muito menor. As projeções basearam-se na disseminação da variante identificada pela primeira vez no Reino Unido.
Os novos infetados no país nas últimas 24 horas ultrapassaram a barreira dos 2.000, a média diária à volta da qual estão desde dezembro, sem mostrar um declínio claro.
A pandemia já causou perto de 22.000 mortos na Bélgica, um dos países mais enlutados na Europa, e a campanha de vacinação tem sido lenta (4,4% dos maiores de 18 anos já receberam uma dose da vacina, 2,9% foram inoculados com as duas doses necessárias).
A pandemia de covid-19, transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019 na China, provocou pelo menos 2,4 milhões de mortos no mundo, resultantes de mais de 111 milhões de casos de infeção, segundo um balanço da agência France-Presse.