Após dedicarem o primeiro dia da cimeira virtual à coordenação dos Estados-membros face à covid-19, os chefes de Estado e de Governo da UE vão trocar na sexta-feira impressões com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), Jens Stoltenberg, sobre questões de defesa.
Numa altura em que a administração de Joe Biden acaba de tomar posse, e em que a NATO se encontra num processo de reflexão que visa projetar o futuro da Aliança, os líderes deverão manifestar a Jens Stoltenberg a vontade de "renovar a parceria" da UE com a NATO enquanto que, em simultâneo, procuram desenvolver capacidades de defesa e de segurança que permitam à Europa "agir de maneira autónoma".
Nesse âmbito, segundo o projeto de conclusões da cimeira a que a Lusa teve acesso, os líderes deverão afirmar que "a UE tem de assumir uma maior responsabilidade pela sua segurança", ainda que se mantenham "empenhados em reforçar" a parceria da UE com a NATO.
O reforço das "políticas, ferramentas e instrumentos de segurança e defesa da UE" deverá assim estar em cima da mesa, de maneira a "aprofundar ainda mais a cooperação em matéria de defesa e segurança entre os Estados-membros, aumentar o investimento no setor da defesa e reforçar o desenvolvimento de capacidades civis e militares".
Os líderes irão também abordar a Bússola Estratégica da UE, um dossiê que procura definir as prioridades do bloco em matéria de defesa e segurança e que está previsto que seja adotado ao nível institucional em março de 2022.
Após a apresentação da análise de ameaças aos ministros da Defesa em novembro de 2020, o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, fará um balanço sobre o estado do documento, devendo os líderes convidá-lo a "continuar os trabalhos relativos às orientações estratégicas".
Segundo a carta convite enviada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, aos líderes europeus na terça-feira, a questão dos ciberataques e das ameaças híbridas será também abordada durante a reunião, um tema que cria "desafios muito reais para a segurança" da UE, nas palavras de Charles Michel, e que deverá estar entre as prioridades da presidência eslovena do Conselho da UE, que irá suceder à atual presidência portuguesa.
Nesse aspeto, os líderes deverão manifestar o desejo de "reforçar a ciber-resiliência e a capacidade de resposta da Europa", face ao "número e à complexidade crescente das ciberameaças", apelando também a uma "maior cooperação e coordenação para prevenir e dar resposta às ameaças híbridas, incluindo a desinformação".
Além disso, numa altura em que se celebra o 10.º aniversário da Primavera Árabe, os chefes de Estado e de Governo irão também abordar a vizinhança meridional, devendo reiterar a necessidade de uma cooperação reforçada tanto no âmbito da atual pandemia de covid-19 e da sua recuperação, como também em outras áreas que vão do clima à gestão comum do mar Mediterrâneo.
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