"O Governo lamenta a perda de quatro vidas humanas", durante uma ocorrência que o executivo considerou estar "relacionada com o crime organizado e a insurreição", disse o ministro do Interior, Antoine Félix Abdoulaye Diome, durante uma declaração transmitida pela televisão, citada pela France-Presse (AFP).
O governante acrescentou que o Governo vai mobilizar "todos os meios necessários para restaurar a ordem".
Os manifestantes reivindicavam a libertação de Ousmane Sonko, que o ministro do Interior acusou de "lançar apelos à violência" e à "insurreição".
A capital senegalesa, Dacar, foi hoje palco de conflitos entre as forças de segurança e centenas de jovens, dois dias depois da detenção do principal opositor do Governo, Ousmane Sonko, cuja custódia foi hoje prolongada.
No distrito de Médina, no coração de Dacar, grupos de jovens atiravam pedras contra brigadas antimotim das forças policiais enquanto o som de granadas sonoras ecoava pelas ruas, segundo jornalistas da agência France-Presse (AFP).
A detenção de Sonko, terceiro nas eleições presidenciais de 2019 e visto como um dos principais concorrentes das eleições presidenciais de 2024, desencadeou também o saque e pilhagem de lojas. De acordo com o presidente da empresa de retalho francesa Auchan, Edgard Bonte, 14 supermercados da empresa foram "atacados" na quinta-feira em Dacar.
Além de ter provocado a ira dos seus apoiantes, os senegaleses assinalam que a detenção de Sonko foi o clímax da revolta no país, cuja população enfrenta dificuldades há mais de um ano, agravadas pela pandemia de covid-19.
Na avenida Blaise Diagne, uma das principais artérias de Dacar, dezenas de jovens que pediam a libertação de Sonko conseguiram, ainda que temporariamente, afastar a polícia, apesar da forte presença de gás lacrimogéneo.
Já em Mbao, nos subúrbios da capital, a existência de pilhagens foi também observada por um jornalista da AFP.
A custódia policial de Sonko, que começou na passada quarta-feira, foi prolongada hoje e deverá terminar no domingo, segundo os seus advogados.
Sonko foi formalmente detido sob a acusação de perturbação da ordem pública, quando se dirigia ao tribunal onde foi intimado a responder a acusações de violação.
Sonko, 46 anos, é alvo de uma queixa por violação e ameaças de morte, apresentadas no início de fevereiro por uma funcionária de um salão de beleza, onde o político recebia massagens para, segundo o próprio, aliviar dores de costas.
Personalidade com um perfil antissistema e discurso impetuoso, o deputado refuta as acusações e diz-se vítima de uma conspiração patrocinada pelo Presidente, Macky Sall, com o objetivo de o manter fora das próximas eleições presidenciais em 2024.
Sall negou estas insinuações no final de fevereiro, mas desde então tem mantido silêncio sobre o caso.