"A GE Nuestra exige que as autoridades sejam tão transparentes e pontuais quanto possível na informação sobre as causas destas explosões. Da mesma forma, dada a gravidade dos factos, exige que o Governo não poupe meios para ajudar as vítimas", defendeu a plataforma, num comunicado enviado à agência Lusa.
Várias explosões registaram-se hoje no quartel militar Nkuantoma, um bairro residencial de Bata, maior cidade e capital económica da Guiné Equatorial, causando mais de 500 feridos e um número indeterminado de mortos.
O chefe de Estado, Teodoro Obiang, falou em pelo menos 15 mortos, os serviços do Ministério da Saúde referiram 17 e a televisão pública TVGE aponta 20 pessoas mortas em consequência das explosões, que foram consideradas acidentais.
A plataforma GE Nuestra advogou a mobilização de todo o pessoal de saúde e que seja pedida ajuda internacional de emergência "dada a fraca capacidade do sistema de saúde para lidar" com tão grande número de feridos.
A organização propõe ainda a transferência de vítimas para os países vizinhos, a gratuidade de todos os serviços de saúde, o acolhimento urgente e gratuito em hotéis para as pessoas que ficaram sem casas e a mobilização de cadeias de supermercados para oferecer bens de primeira necessidade aos doentes e pessoal médico.
Pedem ainda que sejam disponibilizadas comunicações telefónicas e Internet gratuitas à população de Bata durante pelo menos uma semana para facilitar os contactos com familiares, entre outras medidas.
Na mesma nota, a organização expressa "profunda solidariedade" e apresenta "condolências às famílias das vítimas", desejando "rápida recuperação para os feridos".
"A Guiné Equatorial é também nossa e estaremos atentos aos acontecimentos, porque somos todos Bata", frisou a plataforma.
O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, disse que as explosões foram um acidente causado por negligência.
Num comunicado oficial, lido na televisão pública TVGE, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, disse que a cidade de Bata foi "vítima de um acidente causado por negligência e descuido da unidade responsável pela guarda e proteção dos depósitos de dinamite e explosivos anexos ao quartel militar de Nkuantoma".
De acordo com a nota, foram queimadas em terrenos das proximidades que alastraram aos paióis e causaram as explosões, mas Teodoro Obiang informou ter ordenado a abertura de uma investigação exaustiva às causas do acidente.
Teodoro Obiang apresentou condolências aos familiares das vítimas, desejou as melhoras aos feridos e apelou para o apoio da comunidade internacional, acrescentando que o acidente acontece numa altura em que o país atravessa uma crise económica provocada pela quebra dos preços do petróleo e uma crise sanitária resultante da pandemia de covid-19.
Com o objetivo de fazer o mesmo apelo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Simeon Oyono Esono Angue, reuniu-se hoje com o corpo diplomático acreditado em Malabo para pedir a ajuda dos parceiros internacionais.
Governada há mais de 40 anos por Teodoro Obiang, a Guiné Equatorial, um país rico em recursos, mas com largas franjas da população abaixo do limiar da pobreza, integra a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.
A recém-criada plataforma GE Nuestra junta líderes da sociedade civil, defensores dos direitos humanos, ativistas e profissionais na Guiné Equatorial e no estrangeiro com o objetivo de estabelecer um Estado democrático e de direito na Guiné Equatorial.