A campanha #PayMeEqual decorre da constatação de que "o jornalismo não é exceção" à "injustiça" da disparidade salarial, que, no mundo, atribui aos homens salários 23% superiores aos das mulheres por trabalho de igual valor.
"É tempo de acabar com a desigualdade salarial nos media", reclama a FIJ, em comunicado, a que a Lusa teve acesso.
"A ausência de dados desagregados por género e de transparência salarial nos media são as principais barreiras à negociação para reduzir as desigualdades salariais", concretiza.
A presidente do Conselho de Género da FIJ, María Angeles Samperio, citada no comunicado, defende que são necessárias "auditorias salariais nas redações, para ajudar a eliminar as disparidades salariais de género".
A FIJ lançou uma pesquisa global, juntamente com o projeto WageIndicator, da fundação com o mesmo nome, "para documentar a disparidade salarial de género" nos meios de comunicação social.
"Esta pesquisa vai ajudar os nossos afiliados a lutarem por igualdade de salários e oportunidades", acredita o presidente da FUJ, Younes Mjahed.
"Apresentar uma queixa contra o empregador por pagamento injusto e discriminação exige coragem e devemos assegurar que os sindicatos estão totalmente preparados e apetrechados para apoiarem os seus membros nessa tarefa", sustenta.
"As disparidades salariais entre homens e mulheres não estão associadas ao facto de as mulheres serem menos qualificadas, mas sim ao facto de o seu acesso a empregos bem remunerados ser limitado", frisa a FIJ.
Acresce que as mulheres estão a ser afetadas "de forma desproporcional" pela atual crise desencadeada pela pandemia de covid-19, sublinha a Federação.
"Muitas tentativas de alcançar salários iguais, seja por meio de legislação ou por negociações, foram congeladas", denuncia a FIJ, que representa 600 mil profissionais e 187 sindicatos e associações de 140 países.
Recordando a vitória histórica da jornalista Samira Ahmed contra a britânica BBC, que, em janeiro de 2020, foi condenada por pagar à apresentadora seis vezes menos do que ao apresentador masculino de um programa de conteúdo semelhante, a FIJ realça que "os obstáculos à igualdade de remuneração incluem também a falta de responsabilidade parental partilhada".
Além disso, "poucos acordos coletivos foram adotados com disposições sólidas sobre a redução das desigualdades salariais entre mulheres e homens e o equilíbrio entre trabalho e vida familiar", acrescenta.
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