A AI entrevistou várias detidas e interrogadas por agentes de autoridade bielorrussos, que relataram que a polícia as acusou de serem "más mães" e "más mulheres", ameaçando retirar-lhes os filhos.
"Durante as detenções enfrentaram atos cruéis, algumas foram presas sem justificação", indicou a organização não-governamental.
A representante da AI na Bielorrússia, Aisha Jung, listou várias mulheres que sofreram represálias no país, entre elas Svetlana Tikhanovskaia, candidata à Presidência forçada a emigrar, e a chefe da sua campanha eleitoral, Maria Kolesnikova, atualmente na prisão.
Segundo Jung, estas "são apenas algumas das muitas cujos nomes se transformaram num sinónimo da luta pela liberdade e direitos humanos na Bielorrússia".
"Numa sociedade profundamente patriarcal com violência doméstica generalizada, as mulheres na Bielorrússia arriscaram muito na defesa das suas convicções. Agora, as autoridades bielorrussas estão a tomar medidas ainda mais cruéis contra as ativistas, as suas organizações e famílias", acrescentou.
Por isso, a AI apelou à solidariedade para com as "bravas mulheres da Bielorrússia" na sua luta pela liberdade e direitos humanos.
No passado domingo, no último dia da visita que fez a Portugal, Tikhanoskaia exortou a comunidade internacional a expressar a sua solidariedade para com as mulheres do seu país, que lideram a luta contra o regime de Alexander Lukashenko.
O movimento de oposição bielorrussa, galardoado com o prémio Sakharov no ano passado e representado por Tikhanoskaia, teve desde o início o rosto de mulher já que era composta por esta antiga professora de inglês, Maria Kolesnikova e Veronika Tsepkalo.
As três uniram-se em torno da campanha de Tikhanovskaia, que concorreu no lugar do marido às eleições presidenciais de 09 de agosto de 2020.
A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 09 de agosto, que segundo os resultados oficiais reconduziram o Presidente Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, para um sexto mandato, com 80% dos votos.
A oposição denuncia a eleição como fraudulenta e milhares de bielorrussos têm saído às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko, manifestações reprimidas com violência pelas forças de segurança da Bielorrússia.
Milhares de mulheres protestaram nas ruas do país com flores nas mãos, para exigir pacificamente a demissão de Lukashenko, a libertação dos presos políticos e o fim da repressão.
A principal figura da oposição, Svetlana Tikhanovskaia, reivindica a vitória nas presidenciais e acusa o Governo de fraude eleitoral.
A UE não reconhece os resultados das eleições bielorrussas de agosto e o Conselho Europeu decidiu prorrogar até fevereiro de 2022 as sanções aplicadas aos apoiantes do regime de Lukashenko.
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