Na próxima sexta-feira, quando o Governo argentino prorrogar o atual decreto que impõe regras para a entrada e saída do país no contexto da pandemia, a Argentina ficará mais isolada do Brasil, dificultando a saída de argentinos e impondo quarentena aos que regressarem ao país.
"Vamos restringir muito fortemente a saída de novos turistas para as regiões com circulação do vírus. Estamos preocupados com a variante brasileira", antecipou o ministro da Saúde da província de Buenos Aires, Daniel Gollán, em conferência de imprensa, apontando sobretudo para o Brasil.
A Argentina é o principal país em quantidade de voos bilaterais e em fluxo de turistas para o Brasil, por via terrestre e aérea.
Daniel Gollán, que comanda o sistema sanitário da província mais populosa da Argentina, também indicou que os argentinos que estão no exterior serão estritamente controlados ao regressarem ao país com "um sistema de quarentena", além da atual exigência de exame PCR negativo.
"Temos cerca de sete mil turistas argentinos que estão nesses lugares (Brasil e países vizinhos) e que voltarão ao país. Cada província poderá usar metodologias mistas (de controlo). O objetivo é um controlo muito, muito forte, com, pelo menos, 10 a 14 dias (de quarentena) e com PCR para que o vírus não se disperse", sinalizou.
Segundo o ministro, ainda não circula no país nem a variante britânica nem a brasileira de Manaus, a maior preocupação da Argentina.
As variantes britânica e brasileira chegaram a entrar na Argentina, mas "os casos foram seguidos e controlados", disse.
"A variante de Manaus está muito estendida pela América do Sul. Até agora, não há circulação comunitária de nenhuma dessas variantes, mas há preocupação", garantiu, esclarecendo que "em nenhum país da região foi registada a entrada nem a circulação da variante sul-africana".
A Argentina está preocupada com os efeitos que a variante brasileira pode causar antes de a população acima de 70 anos estar vacinada e num momento em que o país tenta preparar-se para uma esperada segunda vaga de contágios, a exemplo do que acontece nos vizinhos Brasil e Chile.
A variante brasileira de Manaus tem até dez vezes mais carga viral, é mais transmissível e consegue afetar o sistema imunológico daqueles que já tiveram o vírus e desenvolveram anticorpos.
Desde o dia 08 de janeiro, a Argentina mantém as fronteiras aéreas e terrestres fechadas para turistas estrangeiros, com principal foco no Brasil.
Mesmo os argentinos que saírem do país por via terrestre só podem regressar por via aérea e apenas ao aeroporto internacional de Buenos Aires, devido à falta de pessoal e de infraestruturas para controlar as restantes fronteiras.
No final de janeiro, o Governo restringiu a quantidade de voos internacionais que podiam chegar ao país com argentinos e residentes.
Os voos com a Europa, com os Estados Unidos e com o México foram reduzidos em 30%. A frequência com o Brasil foi reduzida a metade. Os voos com o Reino Unido foram suspensos em dezembro.
Na América do Sul, Colômbia e Peru continuam interditos os voos provenientes do Brasil.
O Brasil totaliza 268.370 mortes e 11.122.429 diagnósticos de infeção, sendo um dos três países mais afetados pelo novo coronavírus em todo o mundo, juntamente com os Estados Unidos e com a Índia.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.593.872 mortos no mundo, resultantes de mais de 116,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.