Vice da Tanzânia insinua que Presidente está doente e apela à oração

A vice-presidente da Tanzânia, Samia Suluhu, insinuou hoje que o Presidente do país, John Magufuli, que não aparece em público desde 27 de fevereiro, poderá estar doente e apelou à "unidade" dos tanzanianos "através da oração".

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Lusa
15/03/2021 17:15 ‧ 15/03/2021 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

Circularam rumores há semanas sobre a saúde de Magufuli, que pode ter procurado ajuda médica no estrangeiro, depois de ter sido infetado com o novo coronavírus, de acordo com a oposição no país.

"Não é nada de anormal que o corpo de uma pessoa esteja indisposto e contraia gripe ou desenvolva febre. Isto é bastante normal. No entanto, este é o momento para os tanzanianos se unirem através da oração", disse Suhulu, em declarações numa cerimónia em Msata, cidade a cerca de 130 quilómetros de Dar es Salaam, a capital económica do país.

Sem especificar de quem estava a falar, a vice-presidente observou que circulam muitos rumores, que não deviam preocupar os tanzanianos.

"Os tanzanianos, devemos trabalhar juntos, estar unidos e construir a nossa nação. Os rumores que [se] ouvem não são originários da Tanzânia, são de fora do país", afirmou Suhulu.

Esta é a segunda vez em menos de uma semana que o Governo procura dissipar os rumores de ausência do chefe de Estado.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro tanzaniano, Kassim Majaliwa, acusou a diáspora de especular sobre o paradeiro de Magufuli, com o objetivo de incitar ao ódio.

Majaliwa disse ter falado com o Presidente por telefone nesse dia, e que Magufuli estava ocupado a ler documentos.

"Os tanzanianos podem estar certos de que o seu Presidente está próximo, saudável e a trabalhar arduamente", garantiu o primeiro-ministro.

Magufuli foi visto pela última vez em público em 27 de fevereiro na cerimónia de juramento do seu chefe de pessoal, que teve lugar na residência presidencial em Dar es Salaam.

O líder da oposição no exílio, Tundu Lissu, que perdeu as eleições presidenciais em outubro último para Magufuli, afirmou na sua conta na rede social Twitter na semana passada que o Presidente viajou para a Índia em estado crítico, após ter sido transferido primeiro para o vizinho Quénia para receber tratamento relacionado com a covid-19.

"A vice-presidente Samia sugeriu hoje que o ditador está doente algures", voltou a afirmar Lissu, depois das observações de Suhulu.

"As minhas próprias fontes no TISS [Serviço de Informação e Segurança da Tanzânia] dizem que ele está com covid, sob cuidados intensivos, que está paralisado de um lado e da cintura para baixo na sequência de um derrame cerebral. Diga a verdade ao povo!" exigiu o líder da oposição, que se encontra no exílio na Bélgica.

John Magufuli tem vindo a afirmar desde meados no ano passado que a Tanzânia está "livre" de covid-19, em virtude das orações dos tanzanianos.

O "corona(vírus) é o diabo e não pode sobreviver no corpo de Cristo", afirmou em março de 2020 o Presidente, pouco depois da deteção do primeiro caso de covid-19 no país.

A Tanzânia não publica quaisquer números oficiais sobre a doença desde o final de abril de 2020, tendo deixado o número de infeções estagnado em 509, 21 das quais terminaram em mortes.

Em junho de 2020, o chefe de Estado declarou que a pandemia tinha sido superada no país, graças à intervenção divina.

A última grande controvérsia levantada por Magufuli sobre a Covid-19 teve lugar no final de janeiro, e relacionou-se com as vacinas. "Temos de nos manter firmes. A vacinação é perigosa. Se o homem branco fosse capaz de criar vacinas, então já teria encontrado uma vacina contra a sida, já teria encontrado uma vacina contra a tuberculose, já teria encontrado uma vacina contra a malária e já teria encontrado uma vacina contra o cancro", disse na altura.

Em fevereiro, o chefe de Estado tanzaniano partilhou o mérito da intervenção divina na prevenção da covid-19 com o uso da máscara, encorajando, ainda que sem convicção, a sua utilização, quando o país era já incapaz de esconder uma onda de mortes, oficialmente atribuída à pneumonia, mas que terá como explicação uma forte vaga de contágios com a nova variante sul-africana do vírus.

Duas figuras proeminentes do país morreram entretanto por complicações associadas à pandemia, o primeiro vice-presidente do arquipélago semi-autónomo de Zanzibar, Seif Sharif Hamad, cujo partido confirmou que havia contraído covid-19, e o diretor-geral da administração pública, John Kijazi.

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