O homem, de 21 anos, que foi identificado como Robert Aaron Long, "afirma ter agido sem um motivo racista", disse um responsável da polícia local em conferência de imprensa, acrescentando que o jovem "assumiu a responsabilidade" pelos três tiroteios que mataram seis mulheres de ascendência asiática e duas outras pessoas.
O suspeito, que foi detido durante a noite a cerca de 250 quilómetros a sul de Atlanta, dirigia-se para a Florida, possivelmente para realizar outros tiroteios, adiantou, entretanto, o xerife, referindo que o alvo era "a indústria pornográfica" daquele estado.
Quando deteve o suspeito, a polícia disse que o motivo dos ataques ainda era desconhecido, embora muitas das vítimas fossem mulheres de ascendência asiática.
"Temos visto um aumento dos crimes de ódio contra os norte-americanos de origem asiática desde o início da pandemia" de covid-19, afirmou hoje a congressista que representa a Geórgia no Câmara dos Representantes, a asiática Bee Nguyen.
"É difícil pensar que [estes crimes] não têm como alvo específico a nossa comunidade", acrescentou.
Os ataques começaram na noite de terça-feira, quando cinco pessoas foram baleadas num salão de massagens perto de Woodstock, a cerca de 50 quilómetros de Atlanta, disse o porta-voz do xerife, Jay Baker.
Duas pessoas morreram no local e três foram levadas para um hospital onde duas morreram, disse Baker.
Cerca de uma hora depois, a polícia respondeu a uma chamada sobre um assalto, tendo encontrado três mulheres mortas por ferimentos de bala um outro salão de massagens, perto da área de Buckhead, em Atlanta.
A polícia foi, entretanto, chamada para outro tiroteio, num salão do outro lado da rua, tendo encontrado outra mulher morta a tiro.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, garantiu hoje que o Presidente, Joe Biden, foi informado sobre os "horríveis tiroteios" de imediato e que o FBI está a investigar o caso.
Embora o motivo do ataque se mantenha desconhecido, muitos membros da comunidade asiático-americana viram os tiroteios como um ataque específico, já que tem havido vários contra asiáticos desde que começou a disseminação do coronavírus pelos Estados Unidos.
A covid-19 foi detetada pela primeira vez na China e o então Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou termos racistas para descrever a doença, como "vírus chinês".
A polícia de Atlanta e de outras grandes cidades lamentou os assassinatos, afirmando que vai aumentar o patrulhamento nas comunidades asiático-americanas.
"A violência em Atlanta foi um ato de ódio", disse o presidente da câmara de Seattle, enquanto a polícia de São Francisco escrevia, na rede social Twitter, o 'hashtag' [palavras-chave ou termos associados a uma informação, tópico ou discussão que se deseja indexar de forma explícita nas redes sociais] #StopAsianHate.
A unidade de contraterrorismo da polícia de Nova Iorque garantiu também que estava alerta para ataques semelhantes na cidade.
Outros grupos de liberdades civis também expressaram sua consternação, tendo Bernice King, filha do reverendo Martin Luther King Jr., admitido estar "profundamente triste" e considerado que o país "e o mundo estão cheios de ódio e violência".
Também o ex-Presidente norte-americano Barack Obama lamentou que "mesmo enquanto se luta contra a pandemia, continua-se a negligenciar a epidemia de violência armada na América".
Embora reconheça que o motivo do atirador não é conhecido, Obama adiantou que "a identidade das vítimas mostra um aumento alarmante da violência anti-asiática, que deve acabar".
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul adiantou, em comunicado hoje divulgado, que os seus diplomatas em Atlanta confirmaram à polícia que quatro das vítimas mortas eram mulheres de ascendência coreana, estando o consulado-geral a tentar confirmar a nacionalidade das mulheres.
Segundo a associação Stop AAPI Hate, entre março e dezembro do ano passado, foram denunciados 'online' mais de 2.800 atos racistas e discriminatórios contra a comunidade asiática nos Estados Unidos.
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