A conclusão faz parte de um relatório hoje publicado pelo Banco Mundial na sequência da colaboração deste organismo com governos, Organização Mundial da Saúde, Unicef, e Aliança para as Vacinas (Gavi) para avaliar o desenvolvimento com segurança de campanhas de vacinação anti-covid-19 em 128 países mais pobres.
De acordo com os resultados hoje apresentados, o nível de rendimento e desenvolvimento económico de um país tem pouca influência na preparação da vacinação, já que a larga maioria dos países avaliados tem planos para administrar vacinas à população.
No entanto, só cerca de dois terços (68%) tem sistemas de notificação de reações adversas, refere o Banco Mundial.
Além disso, acrescenta o organismo no relatório, apenas 30% desenvolveram planos para treinar "o grande número" de profissionais de saúde "que serão necessários" para administrar todas as vacinas e apenas um em cada quatro (27%) criou estratégias de mobilização social para encorajar as pessoas a serem vacinadas.
Os países afetados por conflitos e fragilidades (37 dos 128) pontuaram abaixo de outros países em quase todos os indicadores, refere o Banco Mundial.
Face ao cenário, o organismo defende, no documento, serem "urgentemente necessárias estratégias para gerar confiança, aceitação e procura por vacinas".
"Muitos países em desenvolvimento estão a preparar planos agressivos de vacinação para a covid-19", afirma o vice-presidente para o Desenvolvimento Humano do Banco Mundial, Mamta Murthi, no relatório.
"Embora a maioria dos países esteja bem preparada para começar a inocular as suas populações, ainda existem lacunas importantes que devem ser resolvidas com urgência para que o desenvolvimento da vacinação em larga escala tenha sucesso", defendeu o responsável.
Em outubro do ano passado, o Banco Mundial aprovou a atribuição de uma ajuda de 12 mil milhões de dólares (cerca de 10 mil milhões de euros) para vacinas, financiamento que considerou poder permitir vacinar mil milhões de pessoas de países em desenvolvimento.
O financiamento foi anunciado pelo banco como uma forma de "financiar a compra e distribuição de vacinas, de testes e de tratamentos para os cidadãos".
Este mês, o Banco Mundial decidiu ainda canalizar um fundo de emergência para ajudar cerca de 30 países africanos a terem acesso a vacinas contra a covid-19, sobretudo os grupos de pessoas mais vulneráveis à infeção.
Embora nos países mais ricos já tenham sido administradas milhões de doses de vacinas -- cerca de 300 milhões de doses em todo o mundo --, os países de África só iniciaram recentemente as suas campanhas de vacinação em massa.
Muitos destes Estados dependem do programa de partilha de vacinas Covax, da Organização Mundial da Saúde, que começou a entregar vacinas há menos de um mês.
De acordo com uma estimativa avançada pelo Banco Mundial, a imunização generalizada da população mundial deverá resultar num crescimento de 4% da economia mundial este ano.
No entanto, e de acordo com o estudo Perspetivas Económicas Mundiais, apresentado em janeiro, a recuperação pode ser de apenas 1,6% se as autoridades não tomarem medidas decisivas para controlar a pandemia e desenvolver reformas que incentivem o investimento.
As estimativas apontam para uma contração da economia mundial de 4,3% em 2020, uma queda menos severa do que a prevista, já que a retoma na China foi mais significativa do que o esperado, segundo o Banco Mundial.
Ainda assim, o organismo admitiu que a interrupção da atividade económica na maior parte das economias emergentes e em desenvolvimento foi mais aguda do que se esperava, tendo a pandemia "exacerbado os riscos de endividamento dessas economias".
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.671.720 mortos no mundo, resultantes de mais de 120,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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