Brasil. Três infetados tratados com cloroquina morrem em hospital

Tratamento não era autorizado, mas médica usou-o em pacientes que o pediram. Profissional foi demitida e enfrenta processo.

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© MAURO PIMENTEL/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
24/03/2021 22:22 ‧ 24/03/2021 por Notícias ao Minuto

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Morreram três pacientes infetados com novo coronavírus que tinham sido tratados com hidroxicloroquina diluída em soro, num hospital de Camaquã, no Rio Grande do Sul, por uma médica que já foi demitida. De acordo com a imprensa local, os óbitos ocorreram entre esta segunda e quarta-feira, tendo evoluído de quadros clínicos graves ou estáveis para o falecimento, após um tratamento experimental.

O protocolo clínico do Hospital Nossa Senhora Aparecida prevê a prescrição de hidroxicloroquina apenas pela via oral, mas a médica em questão, Eliane Scherer, passou a utilizar a técnica da vaporização - que consiste na pulverização do fármaco diluído. A profissional foi despedida no passado dia 10 de março, depois de se ter descoberto que estava a aplicar o tratamento experimental e após conflito com vários outros médicos que não concordavam com os seus métodos.

Apesar dos avisos, a médica continuou a ministrar o tratamento a pacientes que lho pediam e que assinavam termos de responsabilidade.

O Hospital Nossa Senhora Aparecida não tece uma relação causal entre as mortes e o uso do tratamento experimental, mas admite que a técnica não tem contribuído para a melhoria dos pacientes.

"Não verificamos que a nebulização [vaporização] esteja contribuindo para melhorar o desfecho dos pacientes. Os indícios sugerem que está contribuindo para a piora porque todos os casos (de óbito) apresentaram reações adversas após o procedimento", disse à mesma publicação Tiago Bonilha de Souza, médico e diretor-técnico do hospital.

Eliane Scherer foi denunciada ao Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), sendo acusada de 17 infrações, uma queixa que já seguiu para o Ministério Público.

Esta terça-feira, a Associação Médica Brasileira (AMB) pediu que seja banida a utilização de cloroquina e outros fármacos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, num posicionamento destinado a contrariar aquele que é defendido pelo presidente brasileiro.

Desde o início da pandemia, Jair Bolsonaro tem promovido o uso de medicamentos sem comprovação científica contra o novo coronavírus, como a hidroxicloroquina, criticado o uso de máscara, e criticado duramente as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos. Um posicionamento que tem procurado amenizar, num momento em que o Brasil atravessa a pior fase da crise pandémica.

Leia Também: Bolsonaro cria comité para definir medidas de combate à pandemia

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