Rússia sugere rota marítima no Ártico como alternativa ao Canal do Suez
Um alto diplomata russo defendeu na quinta-feira que o bloqueio do Canal de Suez ilustra a necessidade de desenvolver a via marítima no Ártico russo, uma rota que é cada vez mais praticável graças às mudanças climáticas.
© Suez Canal Authority/Handout/AFP via Getty Images
Mundo Canal do Suez
"O incidente do Canal de Suez evidenciou a necessidade, acima de tudo, de um maior desenvolvimento da rota do mar do Norte", disse Nikolai Korchunov, responsável pela cooperação internacional no Ártico para o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, citado pela agência de notícias Interfax.
A navegação no Canal de Suez está "temporariamente suspensa" até se conseguir desencalhar o navio porta-contentores que está a bloquear o tráfego marítimo desde quarta-feira de manhã.
O acidente, com um navio que se atravessou devido a ventos fortes, já provocou um aumento do preço do petróleo Brent no mercado de futuros de Londres, devido aos receios em relação ao abastecimento internacional, ultrapassando já os 53 dólares por barril.
A diplomacia russa considera que este acidente evidencia a necessidade de intensificar os esforços para abrir uma via marítima na zona do Ártico.
O Presidente russo, Vladimir Putin, tem feito da exploração do Ártico uma prioridade estratégica, defendendo a criação de uma via marítima ao longo da costa norte, para conectar a Europa à Ásia e competir com o Canal de Suez, que recebe cerca de 10% do fluxo marítimo global.
As mudanças climáticas e o recuo do gelo no verão tornam este projeto mais exequível, mesmo que, neste momento, seja prematuro pensá-lo como uma rota praticável.
A Rússia está a desenvolver uma frota de quebra-gelos movidos a energia nuclear, para agilizar este projeto, numa região onde explora grandes depósitos de petróleo, gás, carvão e minerais preciosos.
Korchounov observa, no entanto, que p bloqueio de tráfego que este momento se verifica no Canal de Suez "força todos a pensar na diversificação de rotas marítimas estratégicas".
A agência meteorológica russa Rosguidromet revelou num relatório divulgado na quinta-feira que a Rússia registou valores de altas temperaturas recorde para o ano de 2020 e um declínio histórico no gelo no período de verão, na rota do mar do Norte.
De acordo com esse relatório, em comparação com a década de 1980, a área de gelo na região é cinco a sete vezes menor e, em 2020, a área de cobertura de gelo em setembro atingiu um recorde de diminuição, ficando limitada a 26.000 quilómetros quadrados.
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