O residente, que preferiu falar sob anonimato, contou que a fuga foi feita aos poucos desde que rebeldes armados invadiram a vila na quarta-feira e começaram a disparar.
Segundo relatou, ele e outras pessoas foram avançando às escondidas, de rua em rua, evitando as zonas onde se ouvia tiroteio, para assim saírem do perímetro de Palma, chegando a Quitunda na quinta-feira à tarde.
Nas ruas viram corpos abandonados de adultos e crianças assassinadas, disse, sem mais detalhes.
O distrito de Palma tem cerca de 52.000 habitantes, a maioria residente na vila, e a estrutura etária da população moçambicana é jovem, quase metade com menos de 18 anos.
Os residentes em fuga relataram também haver duas agências bancárias destruídas, entre outros edifícios, infraestruturas e veículos.
Cinco pesados de transporte de inertes de uma pedreira estavam igualmente destruídos e os motoristas mortos.
O residente disse estar separado da família, porque estava fora de casa quando a ocupação de Palma aconteceu e já não conseguiu regressar.
Outro morador que saiu da vila antes dos ataques disse à Lusa que não sabe do paradeiro da mulher desde o dia da invasão.
Um número incalculado de pessoas está desde quarta-feira a fugir para a península de Afungi, após o ataque a Palma que entrou hoje no terceiro dia de confrontos.
Segundo duas fontes que acompanham as operações, os disparos na vila e em redor continuavam ao fim da tarde de hoje entre forças moçambicanas e grupos rebeldes.
O ataque é o mais grave junto aos projetos de gás após três anos e meio de insurgência armada à qual a sede de distrito tinha até agora sido poupada.
A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.
Leia Também: Covid-19: Mais cinco óbitos e 117 novos casos em Moçambique