"Temos de pôr em prática as medidas apropriadas, com grande seriedade. Mas, se alguns estados estão a fazê-lo, outros ainda não", disse a líder do Governo alemão numa entrevista televisiva com o primeiro canal da estação pública alemã, culpando os estados não alinhados com as restrições de estarem a "violar" os compromissos assumidos entre Berlim e os "länder".
A chanceler alemã disse que é favorável à eventual decisão do Governo vir a impor restrições de movimento no país, para evitar o aumento exponencial dos casos na terceira vaga da pandemia.
"As restrições ao movimento podem ser um instrumento muito eficaz", disse Merkel, que alertou contra o "novo vírus" [variantes] que provocou um surto de novas infeções na Alemanha nas últimas semanas.
A chanceler defendeu que chegou o momento de o país agir "decisivamente" contra a pandemia e admitiu que uma medida rigorosa que limite a circulação da população - que desde o início da pandemia e até agora não foi imposta na Alemanha -- poderá ser eficaz "especialmente durante a noite".
A Alemanha confirmou hoje um aumento das infeções semanais atingindo um rácio de 129,7 por 100.000 habitantes, que compara com 124,9 este sábado e 103,9 há uma semana.
Merkel insistiu que as medidas para restringir os contactos sociais, o uso constante de máscaras e o teletrabalho como opção preferencial, quando possível, são os instrumentos para lutar contra a propagação da covid-19.
"Não temos muito tempo", insistiu a líder do Governo alemão, que aludiu à eventualidade de virem a ser necessários "instrumentos suplementares" para reduzir o aumento de contágios na "nova pandemia" - expressão que voltou a utilizar, numa referência ao facto de a terceira vaga ser dominada pela variante do coronavírus inicialmente detetada no Reino Unido, que está a espalhar-se muito rapidamente.
A Alemanha registou 17.176 novos contágios de covid-19 nas últimas 24 horas, um aumento de 3.443 em relação a domingo passado, e 90 mortos face aos 104 da semana anterior, segundo o Instituto Robert Koch de virologia.
A tendência de subida dos números de contágios levou a que, na última reunião da chanceler com os chefes de governo dos 16 estados federados, Merkel tenha conseguido o compromisso da Alemanha prolongar uma série de restrições até 18 de abril próximo.
Além disso, no plano regional e local foram tomadas outras medidas restritivas, tendo em conta a incidência em cada distrito.
Até ao momento foram vacinadas com a primeira dose 8.595.379 pessoas, o que representa 10,34% da população, e estão vacinadas com as duas doses 3.768.060 pessoas, ou seja, 4,53% da população do país.
Desde o início da pandemia, registaram-se 2.777.735 casos confirmados pelo novo coronavírus na Alemanha, 76.544 mortes com causas relacionadas com a doença, estimando-se que 2.484.405 tenham recuperado.
O presidente do Instituto Robert Koch, Lothar Wieler, advertiu que a terceira vaga da pandemia será mais dura do que as duas primeiras, em parte devido à presença crescente da variante britânica B.1.1.7, que é mais contagiosa e agressiva.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.768.431 mortos no mundo, resultantes de mais de 126 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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