Estima-se que entre 200 e 500 pessoas estejam já na povoação ribeirinha fazendo cerca de 50 quilómetros desde Palma, disse à Lusa Denis Iloko, num contacto telefónico para Pemba, sem conseguir precisar o número de deslocados porque "continua a aumentar".
Os grupos incluem muitas crianças e estão todos a caminhar desde quarta-feira pelo mato, depois de deixarem tudo para trás quando grupos armados entraram na vila.
"Temos muitas crianças aqui. Muitas crianças estão a morrer no mato. Uma senhora deu [à luz] aqui e foi socorrida para a Tanzânia", descreveu.
O grupo de integra fugiu em direção a norte logo no dia do ataque.
Os residentes alcançaram Namoto após três dias a caminhar, sem comida e sem água, enfrentando o terror.
Desde quarta-feira, "houve pessoas capturadas e outras morreram".
"As que tiveram sorte", conseguiram "andar durante a noite para agora fazer a travessia".
"Temos medo. Estamos a pedir ajuda para o Governo coordenar com a Tanzânia" formas de transporte, referiu, aludindo ao "batelão grande" que ali costuma fazer a ligação entre margens.
Alefo, outro homem que fugiu de Palma que ali se encontra, disse que um barco já levou um primeiro grupo de deslocados, que pretendem chegar a Mueda, sede de distrito moçambicana, mais para o interior de Cabo Delgado.
"Um barco levou um grupo, mas ainda não voltou. O número de pessoas está a aumentar. Acho que há aqui 500 pessoas e outras a chegar", descreveu.
A vila sede de distrito que acolhe os projetos de gás do norte de Moçambique foi atacada na quarta-feira por grupos insurgentes que há três anos e meio aterrorizam a região.
Dezenas de civis, incluindo sete pessoas que tentavam fugir do principal hotel de Palma, no norte de Moçambique, foram mortos pelo grupo armado que atacou a vila na quarta-feira, disse hoje o Ministério da Defesa moçambicano.
Numa operação de resgate de expatriados de um hotel em Palma, na sexta-feira, um cidadão português ficou gravemente ferido e foi transferido para Joanesburgo, na vizinha África do Sul, disse à Lusa fonte do Governo no domingo.
A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.