Embora os especialistas que estiveram na China, em janeiro e fevereiro, a investigar a origem do coronavírus SARS-COV-2 considerarem a hipótese como a menos provável, o facto de a terem incluído no relatório "requer uma investigação mais aprofundada, provavelmente com novas missões de cientistas especializados", defendeu Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante o 'briefing' que deu aos Estados-membros sobre o relatório hoje apresentado em Genebra.
A hipótese de o vírus transmissor da covid-19 poder ter escapado de um laboratório chinês foi fortemente defendida pelos Estados Unidos, na administração de Donald Trump, com base em dados que disse ter recebido dos serviços de informação.
A China negou sempre essa possibilidade.
O ex-secretário de Estado dos EUA Mike Pompeo reagiu, aliás, às conclusões do relatório afirmando que o documento "é uma farsa em linha" com a "campanha de desinformação" do Partido Comunista Chinês e da OMS.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus "colaborou com o Presidente chinês, Xi Jinping, para ocultar a [forma de] transmissão para humanos num momento CRUCIAL", afirmou o secretário de Donald Trump, numa declaração divulgada na rede social Twitter.
O relatório hoje apresentado foi elaborado por uma equipa de cientistas, a pedido da Organização Mundial de Saúde (OMS), que se deslocou à China, em janeiro, para investigar a origem da pandemia, cujo primeiro caso é habitualmente referido como tendo sido detetado na cidade de Wuhan, em dezembro de 2019.
"Este relatório é um começo muito importante, mas não é a última palavra", sublinhou também o diretor-geral da OMS.
O responsável sublinhou que os especialistas internacionais "expressaram dificuldades de acesso a dados brutos" durante a sua estada na China, uma rara crítica pública a forma como Pequim conduziu a investigação conjunta.
"Espero que novos estudos em conjunto sejam baseados numa partilha de dados mais ampla e rápida", acrescentou.
O líder da missão de especialistas internacionais, Peter Ben Embarek, desvalorizou o assunto, na conferência de imprensa de apresentação do relatório final, afirmando que a China, como outros países, não pode partilhar alguns dados por razões de respeito da privacidade.
A hipótese de ter sido um incidente num laboratório chinês a provocar a pandemia foi considerada "extremamente improvável" no relatório dos especialistas da OMS, responsáveis por investigar as origens da crise sanitária.
De acordo com o documento, a transmissão do vírus para humanos por um animal intermediário é a "mais provável".
A administração Biden ainda não reagiu ao relatório.
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