Segundo o porta-voz da comissão negociadora do sindicato daquela unidade hospitalar mista, com recursos públicos e privados, António Ulu, a greve, que deve ser intercalada, resulta da falta de resposta ao caderno reivindicativo remetido à entidade patronal em 27 de janeiro passado.
"As nossas reivindicações vêm desde 2016, período em que a direção resolveu retirar os subsídios dos funcionários sob pretexto de que já não estavam em condições de pagar ao pessoal do contrato interno, que seriam despedidos, mas em solidariedade decidimos que os colegas deveriam manter-se", afirmou hoje o sindicalista, em declarações à Lusa.
A reposição dos subsídios suspensos, equiparação salarial aos técnicos de saúde da função pública, acerto de categorias, pagamentos de subsídios de transporte e melhor alimentação são algumas das reivindicações.
António Ulu referiu que a direção da unidade hospitalar aceitou alguns dos pontos do caderno reivindicativo, em reunião de 04 de março passado, mas 15 dias depois o patronato anunciou que seria suspensa a alimentação e despedidos funcionários internos.
"Então, onde está a seriedade, quando já havia um acordo prévio", questionou o sindicalista, acusando o patronato de "má-fé" e de não cumprir com os compromissos acordados.
"Daí que achámos por bem avançar para a greve durante uma semana e não queremos negociar mais com a direção do hospital, que nada diz", frisou.
A greve do Hospital Divina Providência, localizado no município do Kilamba Kiaxi, um dos nove da capital angolana, cumpre o segundo dia, mas "estão salvaguardados os serviços mínimos", sobretudo na área de internamentos.
A primeira fase da greve decorre até sexta-feira e, terminado este período, os funcionários garantem que vão prolongar a paralisação por mais 30 dias e depois retomar a greve "de forma progressiva" até verem atendidas as reivindicações.
Em declarações aos jornalistas, o diretor do hospital, Miranda Panzo, disse que a situação financeira da instituição sanitária "está cada vez mais difícil e como primeira medida o conselho de direção teve de suspender, temporariamente, as refeições de todos os colaboradores".
"Estamos a analisar outras medidas que oportunamente daremos a conhecer no sentido de fazer a contenção. É uma situação que nunca vivemos e por causa dessa situação pandémica não conseguimos mais", lamentou.
Miranda Panzo garantiu ainda que a sua direção já trabalha com o governo de Luanda, a direção municipal e o Ministério da Saúde para encontrar "estratégias para ultrapassar a situação".
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