Número de mortos nos confrontos tribais no Sudão aumenta para 56

Pelo menos 56 pessoas morreram na sequência de confrontos tribais, que começaram no sábado em Genena, a capital do Darfur Ocidental, conturbada região do Sudão, segundo um novo balanço das Nações Unidas.

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Lusa
06/04/2021 17:34 ‧ 06/04/2021 por Lusa

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"O número de mortos aumentou para 56 e há novos feridos" nos confrontos que começaram em 03 de abril "entre a tribo Al-Massalit e as tribos árabes", disse o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) em comunicado.

Esta segunda-feira a ONU anunciou que pelo menos 40 pessoas tinham morrido e 60 ficaram feridas nos confrontos tribais que irromperam durante o fim de semana entre árabes e não árabes no Darfur, região ocidental do Sudão.

Segundo o OCHA, a violência opôs os Rizeigat árabes e as tribos Masalit, em Genena, a capital provincial da província ocidental de Darfur, depois de homens armados não identificados terem matado a tiro, no sábado, duas pessoas dos Masalit.

De acordo com o mesmo organismo, duas outras pessoas dos Masalit foram feridas nesse tiroteio e desde então as duas tribos envolveram-se em confrontos.

Adam Regal, porta-voz de uma organização local que ajuda a gerir campos de refugiados em Darfur, disse, na segunda-feira, que um projétil atingiu naquele dia um campo para pessoas deslocadas em Genena, causando um incêndio que atingiu várias casas.

"A situação é muito difícil e grave", disse o responsável.

O comité de médicos sudaneses no Darfur Ocidental, por seu lado, afirmou então que homens armados também abriram fogo sobre uma ambulância no domingo, ferindo três profissionais de saúde.

A ONU indicou que todas as atividades humanitárias foram suspensas à medida que as estradas em redor da parte sul de Genena foram bloqueadas.

Um número desconhecido de pessoas fugiu das suas casas nos bairros de Hay al-Jabal e al-Jamarik em Genena e refugiou-se em mesquitas e edifícios públicos próximos, acrescentou a agência das Nações Unidas.

Também na segunda-feira, o governador do Darfur Ocidental, Mohammed Abdalla al-Duma, afirmou, numa declaração, que os funcionários estavam a tomar "medidas desnecessárias", sem dar mais pormenores.

O último número de mortos, registado na manhã de hoje pela filial local do Comité Central de Médicos, fundado em 2016 para representar a comunidade médica sudanesa, foi de 50 mortos e 132 feridos.

"Apesar da relativa calma na segunda-feira à noite, as equipas médicas continuam a enfrentar grandes dificuldades nos seus movimentos", disse aquela comissão em comunicado.

"A noite foi calma, mas esta manhã ouvimos tiros, que duraram cerca de uma hora, no bairro Hay al-Jabal, no sudoeste da cidade", afirmou Mohamed Abdel Rahmane, um residente de Genena, em declarações por telefone à agência de notícias francesa AFP.

Segundo a ONU, uma central elétrica foi destruída e as autoridades verificaram que as pessoas estavam a fugir "para o vizinho Chade".

Na segunda-feira à noite, as autoridades declararam o estado de emergência e destacaram forças do exército para o Darfur Ocidental.

As operações humanitárias e os voos foram suspensos em Genena, o centro de apoio naquela região, afetando "mais de 700.000 pessoas", de acordo com a ONU.

Em janeiro, duas semanas após o fim da missão conjunta de manutenção da paz ONU-União Africana no Darfur, confrontos semelhantes deixaram mais de 200 mortos, na sua maioria no Darfur Ocidental.

O conflito eclodiu nesta região em 2003, entre forças do regime do ex-Presidente Omar al-Bashir, que foi deposto em abril de 2019 sob pressão popular, e membros de minorias étnicas que se sentiam marginalizados.

O Governo tinha destacado milícias armadas, compostas principalmente por árabes nómadas, acusados, em particular, de levar a cabo uma "limpeza étnica".

A violência deixou cerca de 300.000 mortos e mais de 2,5 milhões de deslocados, a maioria nos primeiros anos do conflito, segundo a ONU.

O governo de transição no Sudão assinou um acordo de paz em outubro com vários grupos rebeldes, nomeadamente do Darfur. Mas alguns grupos insurgentes da região não o assinaram.

Leia Também: Pelo menos 40 mortos e 60 feridos em confrontos tribais no Darfur

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