O apelo foi feito pelo bispo da Diocese de San Cristóbal, Mário Moronta, num vídeo gravado no altar de uma igreja e divulgado pela Internet.
"Assim como há dinheiro para outras coisas, para comprar armas, para muitas outras coisas, que haja dinheiro em benefício da saúde do povo", afirma.
O bispo começa o vídeo fazendo "um chamado em nome de todos, às autoridades sanitárias do país" e explicando que "a covid-19 não tem ideologia, não tem credo" e que "é injusto e imoral ao mesmo tempo, que os que têm que chegar a um acordo não se ponham de acordo para uma vacinação massiva".
"É verdade que terá um custo, haverá que fazer um grande esforço e um grande investimento, mas o povo é o mais importante e dentro do povo os mais vulneráveis, começando por eles", afirma.
No vídeo, Mário Moronta insta os venezuelanos a usar as redes sociais para fazer sentir "o clamor de que todos temos direito" a ser vacinados e "o Governo, o Estado, e as instituições que procuram chegar a um acordo têm a obrigação moral de vacinar de buscar os caminhos para a vacinação".
"Vamos fazê-lo sentir através das nossas listas de difusão, para isso são as redes sociais, não para dizer bisbilhotices ou inventar coisas, ou dizer calúnias, simplesmente para exigir também os nossos direitos e proclamar a palavra de Deus", sublinha.
Por outro lado, explica que o Papa Francisco "insistiu, na sua última mensagem" na necessidade de "libertar vacinas para os países mais pobres e nós estamos dentro dessa faixa".
"Que as autoridades nacionais, sanitárias, políticas, militares, os entes públicos, cheguem a um acordo. É hora de que demonstremos que somos capazes de estar unidos, não em lutas tontas ideológicas, mas no serviço ao público", afirmou.
E concluiu: "Façamos o esforço de trazer as melhores vacinas".
A ONG Médicos Unidos de Venezuela, anunciou hoje que faleceram desde 16 de junho de 2020, no país, 442 profissionais da saúde devido à covid-19 e instou as autoridades venezuelanas a declararem uma "emergência nacional" para proteger os trabalhadores do setor.
Por outro lado, a Academia de Medicina e a Academia de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais, da Venezuela, emitiram um comunicado conjunto alertando que "perante uma nova onda epidémica, é urgente vacinar" a população "com vacinas de reconhecida segurança e eficácia, não com produtos experimentais".
Alertam que "uma limitada cobertura de vacinas junto com novas ondas epidémicas é o pior cenário epidemiológico com um vírus altamente transmissível. Infelizmente, é esse o cenário que vivemos atualmente na Venezuela".
Na Venezuela estão oficialmente confirmados 167.548 casos de pacientes com a covid-19. Há ainda 1.662 mortes associadas ao novo coronavírus, desde o início da pandemia.
O país recebeu meio milhão de doses de vacinas da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm e 150 mil doses da vacina russa Sputnik V.
De acordo com a Academia de Medicina da Venezuela, o país necessita de 30 milhões de vacinas para 15 milhões de pessoas, 3,5 milhões das quais pessoal prioritário.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.862.002 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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