Quase 80% dos quirguizes votam a favor de modelo presidencial
Quase 80% dos habitantes do Quirguistão votaram hoje a favor da instauração de um modelo presidencial nesta república centro-asiática onde vigora atualmente o sistema parlamentar, segundo dados da Comissão Eleitoral Central (CEC).
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Mundo Quirguistão
Com 80,83% dos votos escrutinados, o "sim" obteve 79,34% dos votos face aos 13,57% de votantes que optaram pelo "não", de acordo com a página da CEC na Internet.
A 12 de março passado, o Presidente do Quirguistão, Sadyr Japarov, convocou um referendo em que seriam apresentadas à votação emendas constitucionais como a alteração de um sistema parlamentar a um regime presidencial e a redução do número de deputados de 120 para 90.
Os quirguizes também seriam consultados sobre se aceitavam que o Presidente apenas possa exercer o cargo em dois mandatos de cinco anos cada um -- até agora vigora um único mandato de seis anos -- e se apoiam a criação de um novo órgão constitucional, o Kurultai ou Assembleia Popular.
Caso os quirguizes apoiem a reforma constitucional na totalidade, será o Presidente a determinar a composição do Governo, enquanto o primeiro-ministro dirigirá a Administração Presidencial.
Os rivais de Japarov, que subiu ao poder na revolução de outubro de 2020, já designaram de 'kan-stitutsia', pelo facto de conceder ao Presidente poderes comparáveis aos de um 'kan' (monarca).
Segundo o projeto, o Kurultai emitirá recomendações sobre a permanência dos altos funcionários, reduzindo consideravelmente os poderes legislativos.
Para além de ter vencido as eleições presidenciais de 10 de janeiro, Japarov conseguiu nesse dia convencer os quirguizes de que todos os problemas desta antiga república soviética limítrofe com a China residiam no sistema parlamentar.
Diversos setores e personalidades, incluindo Japarov, consideram que a única solução para a endémica instabilidade de um país sem recursos energéticos é uma presidência forte como sucede na Rússia, onde trabalha a maioria dos emigrantes quirguizes.
O sistema parlamentar implicava que muitas organizações, analistas e políticos ocidentais considerassem o Quirguistão o país mais democrático da Ásia Central.
A ascensão de Japarov foi meteórica, pelo facto de antes das fraudulentas eleições de 04 de outubro que provocaram uma nova revolução no país asiático, estar a cumprir 11 anos de prisão por sequestro de um governador e participação numa revolta popular em 2013.
Apesar de não participar nos distúrbios pós-eleitorais de outubro, foi o político que mais beneficiou da revolução.
Em pouco dias, Japarov foi libertado da prisão pela multidão, absolvido pelo Supremo Tribunal, nomeado primeiro-ministro e de seguida Presidente em funções do país.
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