"Trata-se de um desenvolvimento grave porque a produção de urânio altamente enriquecido constitui uma etapa importante para a produção de uma arma nuclear", o que é "contrário ao espírito construtivo e à boa-fé destas negociações", declararam os porta-vozes dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros dos três países, signatários do acordo de 2015.
Atualmente o Irão enriquece urânio a 20%, muito além do limite de 3,67% que lhe é imposto pelo acordo nuclear com as grandes potências assinado em Viena.
Uma refinação de 60% colocará a República Islâmica em posição de passar rapidamente para os 90% necessários a uma utilização do minério para fins militares.
Teerão justificou hoje a decisão de enriquecer urânio a 60% como resposta ao "terrorismo nuclear" e à "maldade" israelita, referindo-se ao alegado ataque contra a central de Natanz, no domingo.
A propósito deste incidente, pelo qual o Irão responsabiliza Israel, os três países europeus alertaram contra qualquer "escalada por parte de qualquer ator" na crise do nuclear iraniano e apelaram a Teerão para "não complicar ainda mais o processo diplomático".
De acordo com o jornal New York Times, os israelitas estão implicados na operação que introduziu "clandestinamente" um engenho explosivo no interior da fábrica em Natanz e que foi acionado de forma remota. Israel sempre criticou o acordo sobre o nuclear iraniano.
No comunicado conjunto Paris, Berlim e Londres também expressam preocupação com a notícia de que o governo iraniano planeia instalar 1.000 novas centrifugadoras em Natanz, notando que "aumentará significativamente a capacidade de enriquecimento do Irão".
Para os europeus, o anúncio é "particularmente lamentável" numa altura em que os signatários do pacto de 2015 iniciaram "discussões substanciais para encontrar rapidamente uma solução diplomática para revitalizar o acordo".
O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), como é designado, foi assinado em Viena em 2015 entre o grupo dos 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China - mais a Alemanha) e o Irão. Teerão aceitava limitações ao seu programa nuclear em troca do levantamento de sanções internacionais.
Em 2018, os Estados Unidos abandonam o acordo e restabelecem duras sanções à República Islâmica, que um ano depois começa gradualmente a infringir os limites estabelecidos pelo pacto.
As negociações para salvar o JCPOA, fazendo regressar os Estados Unidos ao acordo internacional e ao mesmo tempo convencendo o Irão a voltar a respeitar os seus compromissos, começaram na semana passada em Viena e uma nova reunião está prevista para quinta-feira.
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