Covid-19: Há pessoas que "querem um conflito entre França e Brasil"

O embaixador do Brasil em França, Luis Fernando Serra, absteve-se de criticar a suspensão de voos decretada pelo país europeu para conter novas estirpes da covid-19, mas alertou que há pessoas que querem um conflito entre os dois países.

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© Ian Cheibub/picture alliance via Getty Images

Lusa
14/04/2021 14:12 ‧ 14/04/2021 por Lusa

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"A esquerda quer que o Governo [brasileiro] de [Jair] Bolsonaro não vá bem, pessoalmente acho que tem gente que quer um conflito entre a França e o Brasil", lamentou o diplomata, em declarações hoje à Efe, no dia em que entrou em vigor a suspensão dos voos com o Brasil decretada pelo Governo francês até 19 de abril.

"Eles querem que eu critique essa decisão francesa e digo que não vou comentar, porque é uma decisão soberana que deve ser respeitada. Eu digo e repito", insistiu Serra.

O diplomata brasileiro também descartou que a suspensão das ligações aéreas pudesse afetar os negócios franceses no Brasil e deu como exemplo a recente licitação de aeroportos regionais que a empresa francesa Vinci ganhou para administrar no Brasil.

"A França sabe da importância do Brasil para os investimentos franceses. A França investiu mais no Brasil do que a própria China", disse Serra.

A França é um dos mais importantes parceiros comerciais e o primeiro empregador estrangeiro do Brasil, com 500 mil brasileiros a trabalharem em empresas francesas ou suas subsidiárias.

Serra também manifestou a sua indignação com as declarações de alguns comentadores franceses, que acusam Bolsonaro de não ter feito nada para conter a pandemia.

"Como não fez nada? Se é o quinto país do mundo que mais vacina, depois de três países com população maior que o Brasil. O único país que vacinou mais que o Brasil com população menor é o Reino Unido", disse o embaixador brasileiro.

Sobre os voos de repatriação de brasileiros em França, Serra esclareceu que o consulado-geral do Brasil - encarregado destes procedimentos - ainda não entrou em contacto com a Embaixada para fretar aeronaves.

O diplomata também avaliou que "não deve haver muitos turistas brasileiros" em França devido às restrições que vigoram no país europeu e que incluem o encerramento de espaços culturais e o recolher obrigatório.

Precisamente na manhã de hoje, os dois últimos voos do Brasil chegaram a Paris antes da aplicação da suspensão.

Numa entrevista, o secretário de Estado dos Transportes francês, Jean-Baptiste Djebbari, calculou que apenas cerca de 50 passageiros diários entraram no país vindos do Brasil durante a pandemia, em comparação com cerca de 7 mil desembarques diários registados antes da crise sanitária.

O Brasil registou 358.425 vítimas mortais e 13.599.994 infeções por covid-19 desde o início da pandemia.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.947.319 mortos no mundo, resultantes de mais de 136,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Leia Também: Brasil. Senado avança com inquérito a gestão da pandemia por Bolsonaro

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