As tensões russo-ucranianas têm aumentado nas últimas semanas, com a Ucrânia a acusar Moscovo de estar à procura de uma razão ('casus belli') para invadir o país e a Rússia a acusar Kiev de estar a preparar uma ofensiva contra separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.
A Rússia aumentou recentemente o número de militares na Crimeia e lançou manobras marítimas no mar Negro.
"A partir de 24 de abril às 21:00 (19:00 em Lisboa) até 31 de outubro às 21:00, a passagem pelas águas territoriais da Federação Russa de navios militares e outras embarcações estatais será suspensa", anunciou o Ministério da Defesa russo, citado hoje pela agência pública de notícias Ria Novosti.
A medida aplica-se a três áreas: a ponta oeste da Crimeia, a ponta sul entre Sebastopol e Hourzouf e, finalmente, um "retângulo" na península de Kerch, perto do parque natural Opouksky.
Esta última área é a mais controversa porque fica perto do Estreito de Kerch, que liga o mar Negro ao mar de Azov e que é de importância crucial para as exportações de cereais e de aço produzidos na Ucrânia.
Um alto responsável da UE denunciou hoje as restrições, decididas "sob o pretexto de exercícios militares", considerando-as "um desenvolvimento altamente preocupante" que se junta ao destacamento de tropas para a Crimeia e para a zona da fronteira com a Ucrânia registado nas últimas semanas.
"Este é mais um movimento do Governo russo que está a ir na direção errada, porque só aumenta as tensões", acrescentou.
Já ocorreram escaramuças na área de Kerch no passado, como quando a Rússia apreendeu três navios militares ucranianos em 2018.
Tanto Kiev como o Ocidente acusaram a Rússia de "obstruir" deliberadamente a navegação de navios comerciais no Estreito de Kerch, sobre o qual Moscovo reivindica o controlo desde a anexação da Crimeia.
A Rússia construiu uma ponte sobre o estreito para ligar o seu território à península anexada.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia denunciou na quinta-feira as restrições à navegação decididas pela Rússia, antes de se conhecer as áreas em questão, sublinhando que considera a medida como "uma usurpação dos direitos soberanos da Ucrânia".
O ministério também enfatizou que, de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, "a Rússia não deve dificultar nem dificultar o transporte através do estreito para os portos do mar de Azov".
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