A informação foi transmitida à imprensa pelo porta-voz do Comando Provincial da Polícia em Luanda, inspetor-chefe Nestor Goubel, que disse que os efetivos da polícia agiram para "repor os pressupostos acordados" com os organizadores sobre o percurso da marcha.
"Os manifestantes quiseram descer para a Mutamba e, claro, que não foi o que se havia acordado no encontro que tivemos com os promotores da manifestação, razão pela qual ficámos ali naquele desentendimento", afirmou o oficial da polícia.
Segundo Nestor Goubel, a polícia estava apenas a "impor" a autoridade "perante este incumprimento".
Por isso, acrescentou, foram detidos "três indivíduos, foram levados à esquadra, mas já foram liberados".
A polícia angolana dispersou hoje com tiros e lançamento de gás lacrimogéneo a manifestação de estudantes, promovida pelo Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), em protesto contra a subida de propinas e emolumentos nas instituições de ensino, uma marcha que começou de forma pacífica.
Mais de 250 estudantes e membros da sociedade civil responderam afirmativamente ao apelo do MEA e concentraram-se no Largo das Heroínas.
Sob olhar e proteção policial, a marcha teve início pontualmente as 13:00 locais e com palavras de ordem como "a educação é um direito e não deve ser vendida" e "não matem o sonho da juventude, estudar é um direito", os manifestantes percorreram a avenida Ho Chi Min.
Com várias paragens ao longo do percurso, a marcha contornou o largo 1º de Maio, mas foi à entrada da rua Nicolau Gomes Spencer que os ânimos dos manifestantes se alteraram uma vez que uns pretendiam marchar até à sede do Ministério das Finanças e outros até ao Largo dos Ministérios, a quinhentos metros onde seria lido um "manifesto".
Com a tensão a crescer, a polícia reforçou o efetivo no local, com agentes da polícia de intervenção rápida e da brigada canina, e os estudantes romperam o primeiro cordão policial, mas não conseguiram transpor o segundo cordão.
"Insatisfeitos" pela alteração do percurso da marcha, a polícia ainda tentou apaziguar os ânimos, mas acabou por dispersar os manifestantes com tiros e gás lacrimogéneo causando "pânico" aos manifestantes e transeuntes.
Em declarações à Lusa, o presidente do MEA, Francisco Teixeira afirmou que, entre os manifestantes, houve "alguns feridos" e confirmou que os detidos "já foram soltos".
"Não percebemos como é que mesmo depois de termos chegado ao Largo dos Ministérios ainda assim a polícia veio por cima de nós e nos bateu", lamentou o líder associativo.
O porta-voz da polícia, na capital angolana, garantiu, contudo, que "não houve qualquer ferido".
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