"Registaram-se progressos significativos" nas negociações para um cessar-fogo, indicou à agência noticiosa AFP o porta-voz da delegação ucraniana, Oleksii Arestovytch, acrescentando que as conversações prosseguem.
Após uma trégua amplamente respeitada na segunda metade de 2020, os conflitos multiplicaram-se desde o início deste ano entre as forças de Kiev e os combatentes separatistas, que segundo os dirigentes ucranianos e ocidentais são apoiados a nível militar e financeiro por Moscovo.
Em paralelo, as tensões com a Rússia registaram um súbito agravamento após o envio de dezenas de milhares de soldados russos para a fronteira comum, com Kiev a agitar o espetro de uma vasta operação militar.
Por sua vez, Moscovo alertou para uma possível operação ucraniana em larga escala contra o leste separatista, com apoio militar ocidental, e prometeu defender as populações russófonas locais.
A reunião "de urgência" de hoje, que reúne representantes ucranianos e russos sob mediação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), segue-se a contactos em linha mantidos na segunda-feira entre conselheiros dos dirigentes ucraniano, russo, alemão e francês.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse aguardar que estas negociações permitam o regresso da trégua, na sequência de uma cimeira na sexta-feira, em Paris, com o seu homólogo francês Emmanuel Macron e a chanceler alemã Angela Merkel, que participou através de videoconferência.
A Ucrânia acusa a Rússia de pretender "destruir" o país, enquanto Moscovo assegura "não ameaçar ninguém" apesar de denunciar as "provocações" ucranianas.
A guerra no leste da Ucrânia provocou mais de 13.000 mortos desde o seu início em 2014, logo após a anexação da península da Crimeia por Moscovo.
Em simultâneo, e nesta região do mar Negro, mais de 20 navios de guerra e 50 aviões russos participam hoje em manobras navais, numa confirmação da escalada da tensão na região.
Em comunicado, a Frota do Mar Negro indicou que participam no exercício caças Su-25SM3 e as forças do sistema antiaéreo do Distrito Militar Sul.
A Frota do Mar Negro acrescentou que, no âmbito destes exercícios, foram transferidos para a Crimeia 50 aviões de combate.
Segundo informações oficiais, a Rússia limitou entre 20 e 24 de abril os voos sobre parte da Crimeia e do mar Negro, e declarou a zona "perigosa para a navegação aérea".
Moscovo também anunciou que limitará entre 24 de abril e 31 de outubro a navegação de navios de guerras estrangeiros em águas territoriais russas do mar Negro.
O ministério dos Negócios Estrangeiros especificou que esta medida apenas abrange os vasos de guerra e não afetará a marinha mercante que atravesse o estreito de Kerch, que dá aceso ao mar de Azov e a diversos portos ucranianos e russos.
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