Milhares de soldados britânicos não homenageados por racismo generalizado

Dezenas de milhares de soldados das colónias britânicas que lutaram na I Guerra Mundial não foram homenageados de forma adequada devido ao "racismo generalizado", de acordo com um relatório encomendado pelo órgão encarregado de celebrar a sua memória.

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Lusa
22/04/2021 10:58 ‧ 22/04/2021 por Lusa

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De acordo com este relatório, entre 45.000 e 54.000 soldados, principalmente africanos e indianos, não foram homenageados como os seus homólogos brancos na Europa, tendo sido incluídos em memoriais coletivos e não com sepulturas individuais com os seus nomes.

Pelo menos 116.000 outros, potencialmente até 350.000, principalmente do este de África e do Egito, "não foram homenageados pelo seu nome ou não foram homenageados de todo", acrescentou o documento.

O relatório cita particularmente o governador da colónia que mais tarde se tornou o Gana, que afirmou em 1923 que "o indígena médio não compreenderia ou apreciaria uma lápide".

Na base dessas decisões estão os "preconceitos teimosos, as ideias preconcebidas e o racismo generalizado das atitudes imperialistas contemporâneas", enfatizou o documento.

Este último foi elaborado por um comité especial criado pela Commonwealth War Graves Comission (CWGC), organismo responsável por homenagear a memória de 1,7 milhões de soldados que morreram nas duas guerras mundiais, na sequência de um documentário crítico sobre esse assunto intitulado "The Unremembered".

O CWGC emitiu um "sincero pedido de desculpas", depois de aceitar as "conclusões e deficiências identificadas no relatório".

"Reconhecemos os erros do passado e lamentamos profundamente e agiremos imediatamente para corrigi-los", acrescentou a diretora-geral do organismo, Claire Horton.

Para David Lammy, deputado trabalhista que apresentou o documentário, "nenhum pedido de desculpas permitirá reparar a indignidade de quem foi esquecido".

"No entanto, este pedido de desculpa dá-nos, como nação, a oportunidade de examinar este capítulo terrível da nossa história e prestar a devida homenagem a cada um dos soldados que sacrificaram as suas vidas por nós", acrescentou na rede social Twitter.

Leia Também: Relatório do governo britânico "tenta normalizar a supremacia branca"

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