"Estamos em plena segunda vaga com crescimento rápido", afirmou, em Luanda, Sílvia Lutucuta, comparando o aumento de casos com o "pico" da doença, em outubro de 2020, "que foi um dos piores cenários", e está a ter uma aceleração mais rápida.
"Para agravar o cenário temos circulação em Luanda da estirpe sul-africana e da estirpe inglesa", variante que a responsável da Saúde disse estar a ter "um crescimento galopante afetando famílias inteiras sem distinção de idade e sexo", com efeitos em jovens, adolescentes crianças, muitos deles sintomáticos.
Os óbitos, realçou, são também em número considerável e estão a atingir pessoas jovens.
"Nós já temos pessoas jovens a morrer", alertou a governante, salientando que as estirpes são de grande transmissibilidade e dando como exemplo as testagens feitas nos últimos três dias e que revelaram a estirpe inglesa em 260 casos.
Segundo a ministra, nesta altura já se regista "um total de 523 casos, olhando para a estirpe inglesa e estirpe sul- africana", indicando que no cenário atual há maior possibilidade de ter mais membros da mesma família infetados e também mais óbitos.
"Estamos muito preocupados e, por esta razão, tivemos que recuar, também porque as medidas não estão a ser cumpridas", disse Sílvia Lutucuta, lamentando que as pessoas não usem máscara, se tenham esquecido de lavar as mãos e estejam a promover festas e grandes ajuntamentos.
"Tudo isso pode concorrer para o colapso do sistema de saúde. Se não cumprirmos as medidas vamos ter um pior cenário do que em outubro do ano passado", avisou.
A ministra dirigiu-se também a quem chega do estrangeiro, apelando ao estrito cumprimento da quarentena domiciliar.
"O facto de ser negativo nas 72 horas antes e no teste pós desembarque não significa que, em algum ponto da sua viagem, não tenha tido exposição [ao vírus] e ainda esteja em período de incubação, pois a replicação viral pode acontecer até ao 7.º ou 10.º dia", explicou.
Segundo Silvia Lutucuta já houve pessoas que chegaram do estrangeiro, fizeram a testagem regulamentar e não cumpriram a quarentena, mas testaram positivo alguns dias depois, "arrastando consigo membros da sua família, por vezes com óbitos".
O Governo angolano reviu hoje as medidas de prevenção contra a covid-19, face ao aumento dos casos nas últimas semanas, com destaque para o agravamento das sanções, redução de horários e limitação da capacidade dos espaços para evitar aglomerações.
As medidas foram reveladas, em conferência de imprensa, pelo ministro de Estado e chefe de Casa Civil do Presidente da República, Adão Almeida.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.137.725 mortos no mundo, resultantes de mais de 148,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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