"Após a admissão do regulador brasileiro Anvisa de que não testou a vacina Sputnik V, a Sputnik V está iniciando um processo judicial de difamação no Brasil contra a Anvisa por espalhar informações falsas e imprecisas intencionalmente", informaram os investigadores que desenvolveram a vacina russa na rede social Twitter.
Numa outra mensagem referiram que a "Anvisa fez declarações incorretas e enganosas sem ter testado a vacina Sputnik V" e que desconsiderou um ofício informando que "apenas vetores não replicantes são usados" no fabrico do imunizante.
"Nossa equipa jurídica entrará em contacto", acrescentaram.
A equipa que desenvolveu a Sputnik V citou declarações de Gustavo Mendes, um alto funcionário da Anvisa que alegou que a agência brasileira "não recebeu amostras da vacina para testar [e] não testou".
A agência sanitária brasileira se opôs na segunda-feira ao pedido de vários estados do país para importar a Sputnik V, por acreditar que faltam dados para garantir a segurança e eficácia do imunizante.
A gestão da agência reguladora de medicamentos do Brasil seguiu a recomendação de seus especialistas observando "incertezas" sobre a vacina, que ainda não foi aprovada pelos órgãos de saúde da União Europeia (EMA) e dos Estados Unidos (FDA).
Numa apresentação 'online', cientistas da Anvisa relataram que testes de amostras da segunda dose do Sputnik V revelaram que o adenovírus era "capaz de se replicar", portanto, ainda era capaz de crescer, e multiplicar-se quando injetado no corpo.
Os técnicos brasileiros estimaram que essa situação provavelmente se devia a um defeito de fabrico denominado "recombinação", durante o qual o adenovírus modificado readquiria os genes necessários para sua replicação quando era cultivado em laboratório em células humanas artificiais.
Os técnicos indicaram que haviam testado apenas a segunda dose da vacina.
Em contraposição a estes argumentos, os criadores da vacina russa Sputnik V denunciaram que a decisão tomada pela Anvisa foi "de natureza política".
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 398.185 vítimas mortais e mais de 14.521.289 casos confirmados de covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.152.646 mortos no mundo, resultantes de mais de 149,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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