Regulador do Brasil refuta acusações com criadores da Sputnik V

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador brasileiro, refutou quinta-feira as acusações feitas pelos criadores da vacina russa contra a Covid-19 Sputnik V e divulgou diálogos sobre a presença de adenovírus replicante no imunizante.

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© Hakan Nural/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
30/04/2021 00:49 ‧ 30/04/2021 por Lusa

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Covid-19

 

Horas antes, o Instituto Gamaleya e o Fundo de Investimento Direto da Rússia, responsáveis pela Sputnik, tinham acusado a Anvisa de "declarações incorretas e enganosas sem ter testado a vacina" e de ter ignorado um ofício em que era informado que não havia vírus replicantes no antídoto, ameaçando processar o órgão brasileiro por difamação.

Em conferência de imprensa, o diretor da Anvisa, Antônio Barra Torres, reafirmou que foi identificada a presença de vírus replicante na Sputnik V e afirmou que enviou a análise à Organização Mundial de Saúde (OMS) e a outras autoridades regulatórias estrangeiras.

"A Anvisa foi acusada de mentir, de atuar de maneira antiética e de produzir 'fake news' sobre a identificação do adenovírus replicante. A direção da Anvisa, atendendo estritamente ao interesse público sobre vacinas da covid-19, esclarece que as informações sobre a presença de adenovírus replicantes constam dos documentos entregues à Anvisa pelo desenvolvedor da vacina Sputnik V", frisou Barra Torres.

Durante o pronunciamento, a Anvisa expôs, de forma inédita, partes de reuniões anteriores com as entidades russas, em que os técnicos brasileiros questionam várias vezes os criadores da vacina sobre a presença de adenovírus replicantes no imunizante.

No diálogo divulgado, os fabricantes da vacina russa admitem a possibilidade de terem usado "uma linha de células caracterizada, o que pode ter os seus defeitos".

Contudo, os especialistas russos afirmam que não modificarão o antídoto, uma vez que "uma nova substância" demoraria "mais" tempo. Os comentários originais foram feitos em russo e traduzidos por um profissional contratado para o efeito.

O adenovírus é usado como um vetor que leva o material genético do coronavírus ao indivíduo vacinado, mas deve estar inativo, sem capacidade de se replicar e causar a doença.

A presença de vírus replicante foi um dos principais argumentos utilizados pelos diretores da Anvisa para negar, na última segunda-feira, o pedido de importação do imunizante feito por vários governadores do país, para tentar acelerar o processo de vacinação contra a doença.

Os cientistas brasileiros relataram que testes de amostras da segunda dose do Sputnik V revelaram que o adenovírus era "capaz de se replicar", portanto, ainda era capaz de crescer, e multiplicar-se quando injetado no corpo.

"Não estamos fechando a porta. Os dados apresentados podem ser revistos, corrigidos e reapresentados, mas a decisão do regulador é o retrato do momento. E, no momento, naquela segunda-feira passada, não nos foi possível aprovar, o que nos deu grande tristeza", declarou Antônio Barra Torres.

Contudo, para as entidades russas, o facto de o Brasil ter negado a importação da vacina trata-se de uma decisão "de natureza política".

O Brasil enfrenta atualmente a pior fase da pandemia, totalizando 401.186 óbitos e quase 14,6 milhões de casos.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.152.646 mortos no mundo, resultantes de mais de 149,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Leia Também: "Chegou a um número enorme de mortes agora aqui", lamenta Bolsonaro

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