A queixa contra Ahmad Hasan Mohamed al Asiri, ex-subdiretor de Inteligência da presidência saudita, "baseia-se no conceito de jurisdição universal e centra-se nos atos de tortura, incluindo o caso da detenção ilegal, tortura e assassinato de Khashoggi no consulado saudita em Istambul, a 02 de outubro de 2018", afirmou a organização a favor dos direitos humanos em comunicado.
O processo foi apresentado em nome do GCDH pelo advogado William Bourdon, que assegurou que a jurisdição universal "é a derradeira ferramenta mais eficaz para quem permanece impune", segundo o comunicado.
Khashoggi era um jornalista residente nos Estados Unidos que colaborava com o diário The Washington Post, e um crítico da família real saudita.
Em outubro de 2018, foi ao consulado saudita em Istambul para pedir um certificado de casamento, e ali foi assassinado por um grupo de pessoas que mutilaram o seu corpo e o fizeram desaparecer.
De acordo com informações da Organização das Nações Unidas de 2019, citadas na queixa do CGDH entregue na França, e noutro dos serviços de inteligência norte-americanos recentemente tornado público, os autores do crime foram um grupo de agentes sauditas que atuaram sob ordens do príncipe herdeiro do país, Mohamed bin Salamn.
A justiça do reino árabe condenou por este crime, em dezembro de 2019, oito pessoas cujos nomes não revelou, cinco delas à morte, pena depois comutada por penas de prisão, mas absolveu os principais acusados, incluindo Al Asiri, a quem Washington assinalou como líder da operação contra Khashoggi.
O CGDH explicou que a decisão de interpor esta denúncia em França se deve a, neste país, "os tribunais terem jurisdição sobre casos de tortura", e porque Al Asiri viaja para aquele território europeu "regularmente", "onde estudou na Academia Militar Saint-Cyr".
"Se os tribunais franceses não intervêm, nunca se fará justiça", alega a ONG no processo.
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