Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Almeida Filho disse o governador do Amazonas, Wilson Lima, adotou medidas indicadas por Bolsonaro para alcançar a chamada imunidade de grupo através da contaminação da população por covid-19 após ser alvo de uma investigação policial.
"Quando houve envolvimento do governador na operação [da Polícia Federal] a estratégia foi mostrar alinhamento [com Bolsonaro]. Uma coisa era clara, a política era de afirmar que se tinha uma imunidade de rebanho. O que acabou acontecendo foi um laboratório e a [estirpe brasileira] P1 encontrou ambiente adequado", afirmou.
O vice-governador do Amazonas declarou que a crise de oxigénio em Manaus que aconteceu em janeiro e provocou a morte por asfixia de pacientes com covid-19 foi da responsabilidade do governador, que só acionou o Governo central "quando o cenário já era de terra arrasada".
"Quando o ministro [da Saúde, Eduardo Pazuello] chegou para resolver o problema, ele já estava criado. Mas que problema é esse? A política de contaminação para ter imunidade de grupo. Dizia-se no Amazonas que o convívio e contaminação geraria isso", disse Almeida Filho.
O vice-governador do Amazonas reforçou que a política de procurar a chamada imunidade de grupo em seu estado ficou explícita na presença constante do Governador em Brasília "tentando buscar socorro ou no mínimo uma simpatia política no caso de algo mais grave".
"Essa era a política anunciada pelo próprio Governo Federal. Mas neste ponto, o que se mostra é que o tiro saiu pela culatra, ocorreu a gestão de uma cepa [estirpe P.1] mais contundente. Isso é por inação do Governo estadual, mas também por causa de uma política do Governo Federal", acrescentou.
Almeida Filho declarou que a empresa White Martins, responsável pelo fornecimento de oxigénio medicinal a Manaus, avisou com antecedência sobre o problema no abastecimento e, portanto, a responsabilidade era do governador Wilson Lima.
O problema no fornecimento de oxigénio em Manaus tornou-se alvo deu uma comissão parlamentar que acontece no Senado e investiga as respostas do Governo brasileiro à pandemia de covid-19.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 414.399 vítimas mortais e mais de 14,9 milhões de casos confirmados de covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.244.598 mortos no mundo, resultantes de mais de 155,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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