Nasheed, de 53 anos, ficou ferido na explosão fora de sua casa na noite de quinta-feira quando estava prestes a entrar no carro e "está em estado crítico, nos cuidados intensivos", segundo o hospital privado ADK, onde foi submetido a cirurgia para remover fragmentos da bomba nos pulmões e abdómen após o ataque em Malé, a capital do país.
Por outro lado, o ministro do Interior, Imran Abdulla, em declarações a uma televisão local, disse que os ferimentos não eram fatais.
Nasheed, antigo Presidente das Maldivas e atual líder do parlamento, tem criticado abertamente o extremismo religioso na nação predominantemente muçulmana sunita, onde pregar e praticar outras religiões é proibido por lei.
O comissário da polícia Mohamed Hameed disse que está em curso uma investigação policial que trata a explosão como um ato de terrorismo contra o ex-Presidente.
Dois guarda-costas de Nasheed e dois transeuntes, incluindo um cidadão britânico, também ficaram feridos, segundo a mesma fonte.
Segundo Hameed, a polícia não detetou nenhum componente de nível militar nos explosivos usados, estando atualmente a tentar identificar quatro possíveis suspeitos, mas nenhuma detenção foi ainda feita.
Até ao momento, ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque.
A polícia australiana disse estar pronta a ajudar na investigação e hoje, em discurso na televisão, o atual Presidente, Ibrahim Mohamed Solih, admitiu que as forças australianas vão chegar ao país no sábado.
Na sequência do ataque foi convocada uma sessão de emergência do parlamento.
Com uma população de 330 mil muçulmanos sunitas, as Maldivas são conhecidas como um destino turístico de luxo, mas também pela constante instabilidade política.
Em 2007, uma explosão num parque da capital feriu 12 turistas estrangeiros, sendo que a violência tem sido atribuída ao aumento do extremismo religioso.
As Maldivas têm um dos maiores números 'per capita' de militantes que lutaram na Síria e no Iraque ao lado do grupo 'jihadista' Estado Islâmico.
Em janeiro, as autoridades anunciaram a detenção de oito pessoas, em novembro, que planeavam atacar uma escola e estavam a construir engenhos explosivos numa embarcação em alto mar, além de conduzirem treinos militares em ilhas desabitadas e recrutarem crianças.
A explosão ocorreu pouco antes de um recolher obrigatório noturno previsto para a capital, no âmbito das restrições sanitárias para combater a pandemia da covid-19.
Antigo preso de consciência, Mohamed Nasheed tornou-se no primeiro Presidente democraticamente eleito das Maldivas nas primeiras eleições multipartidárias, em 2008.
Em 2012 foi deposto num golpe de Estado e condenado a 13 anos de prisão em 2015 por acusações de terrorismo, um veredito que foi denunciado por organizações de direitos humanos como sendo de motivação política.
Autorizado a sair da prisão para tratamento médico, Mohamed Nasheed exilou-se no Reino Unido, mas regressou ao país em 2018, para se tornar, nas eleições de 2019, presidente do parlamento, o segundo cargo na hierarquia do Estado.
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