Durante o confronto, mais de 50 pessoas foram mortas.
De acordo com os meios de comunicação quirguizes Vesti e 24.kg, o centro chegou a esta conclusão após uma série de reuniões com cidadãos feitos reféns, em 29 de abril, pelas forças tajiques.
"Em 7 de maio, o Centro Nacional para a Prevenção da Tortura iniciou procedimentos, através do Protocolo de Istambul, em relação aos cidadãos quirguizes que foram feitos reféns em 29 de abril durante os acontecimentos na fronteira", disse o diretor da organização, Bakyt Rysbekov.
Segundo os meios de comunicação do Quirguistão, o responsável condenou os acontecimentos.
"Já podemos dizer que foram sujeitos a tratamento cruel e tortura", referiu Rysbekov, citado nos órgãos de comunicação quirguizes.
O Protocolo de Istambul é um manual internacional para a investigação e documentação eficaz da tortura e de outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
A informação documentada será enviada pelo Centro à Procuradoria-Geral do Quirguistão.
De acordo com canal televisivo Vesti, os reféns alvo de maus-tratos estão a ser acompanhados num hospital.
O conflito entre as duas repúblicas eclodiu em 28 de abril no ponto de distribuição de água do Golovnoi, na aldeia de Kok-Tash, na região de Batken.
Segundo o Quirguistão, a população local exigiu a remoção das câmaras de videovigilância instaladas pelos tajiques e a situação originou um apedrejamento.
O Quirguistão insiste que esta instalação estratégica se encontra no seu território, enquanto o Tajiquistão afirma que lhe pertence na totalidade, de acordo com mapas de 1924-1927 e 1989.
Os conflitos recorrentes na área devem-se ao facto de, dos 972 quilómetros de fronteira que estas duas antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central partilham, apenas cerca de 519 quilómetros terem sido demarcados.
No dia seguinte, registaram-se confrontos armados entre as forças quirguizes e tajiques na fronteira.
À noite, ambos os países concordaram com um cessar-fogo, mas a troca de tiros continuou em alguns locais até 1 de maio, quando o Quirguistão e o Tajiquistão acordaram o total fim das hostilidades e a retirada das forças da fronteira.
Do lado dos quirguizes, 36 pessoas foram mortas no conflito armado, incluindo três militares, e 190 foram feridas. Dezenas de milhares de cidadãos foram retirados de aldeias na região de Batken e cerca de 220 casas e instalações nas localidades fronteiriças ficaram danificadas.
Do lado tajique, 19 cidadãos foram mortos no confronto e 87 ficaram feridos.
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