Numa reunião que decorreu por videoconferência e foi organizada pela União Africana (UA) para avaliar a resposta continental à pandemia, chefes de Estado, ministros e autoridades sanitárias internacionais e regionais concordaram na necessidade de não serem "complacentes" e de serem mantidas as medidas de prevenção, à espera que os países africanos possam ter um maior acesso a vacinas.
"O que aconteceu noutros locais pode acontecer na nossa África se baixarmos a guarda", advertiu o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, líder da OMS, referindo-se a um potencial aumento de casos e situações de grave emergência sanitária com o aparecimento de novas variantes.
"O que observamos na Índia pode acontecer no nosso continente", afirmou a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti.
O diretor do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC), John Nkengasong, analisou a situação heterogénea entre países, com a maioria a preparar-se para uma terceira vaga e avisou que se deteta uma crescente "fadiga pandémica" na população, o que leva a um incumprimento das medidas preventivas.
Até agora o continente africano registou 4,6 milhões de casos, dos quais resultaram 123.961 mortes, segundo dados do África CDC.
De momento só Angola, Quénia, Marrocos e Uganda detetaram casos da variante B.1.617 (identificada na Índia), mas o continente já enfrentou os efeitos de outras mutações do vírus, especialmente no sul do continente com a variante B.1.351, que continua a ser dominante na África do Sul e é mais contagiosa e resistente às vacinas.
Apesar do lento avanço da vacinação em África, que só recebeu 37 milhões de doses e administrou 53%, para uma população de 1.216 milhões de pessoas, os participantes nesta reunião destacaram que África teve até agora bons resultados na sua luta contra a pandemia e que as medidas adotadas funcionam.
"Não estamos totalmente desamparados", disse Nkengasong, antes de pedir aos governos para exortarem os seus cidadãos a manter as medidas preventivas.
Também chamou a atenção para a necessidade de os países terem provisões de oxigénio e equipamentos de proteção sanitária, de forma preventiva, tendo em vista a complicada situação sanitária na Índia.
No encontro foram saudados os progressos para um levantamento temporário das patentes das vacinas contra a covid-19, uma iniciativa liderada pela África do Sul e Índia na Organização Mundial do Comércio (OMC), que esta semana contou com o apoio inesperado dos Estados Unidos.
Apesar de a reunião se ter concentrado na resposta africana à covid-19, também foram debatidas outras questões, como a interrupção nas campanhas de vacinação para outras doenças, como o sarampo.
O elevado impacto a pandemia na economia africana, que não deverá ter uma recuperação rápida devido aos atrasos na imunização, foi outro assunto abordado.
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