"No dia 11 de maio de 2021, estima-se que tenham sido registados 1.093 deslocados nos distritos de acolhimento, elevando o número total para 46.748 pessoas deslocadas de Palma", segundo o relatório de hoje daquela agência das Nações Unidas.
A população em fuga deverá ser maior, dado que parte dela pode não ser registada e haverá ainda famílias escondidas nas matas da região.
As tendências mantêm-se: "Os deslocados continuam a chegar a Nangade a pé", seguindo depois em viaturas de transporte coletivo "de Nangade para Mueda, Montepuez e Pemba", acrescenta o documento.
Dos 46.748 deslocados, 43% são crianças (ou seja, 20.100), 564 das quais desacompanhadas.
Há ainda 1.549 idosos registados, segundo a OIM.
A maioria (82%) dos deslocados registados está a ser albergada por famílias de acolhimentos.
Prevalecem ainda necessidades humanitárias junto aos portões do projeto de gás em Afungi e na nova aldeia de Quitunda, com milhares de pessoas (a estimativa da OIM era de, pelo menos, 11.000) que não querem regressar a Palma devido à insegurança e que têm dificuldade em encontrar uma forma de chegar a locais seguros, segundo a agência.
Há 10 dias a OIM pediu às autoridades moçambicanas medidas que facilitem o trabalho humanitário.
"A OIM apela a um acesso humanitário total e a uma redução dos impedimentos burocráticos, incluindo a emissão de vistos [para especialistas da ONU], para garantir uma prestação oportuna e eficiente da ajuda humanitária", assim como "um maior e estratégico envolvimento com o Governo", referiu Laura Tomm-Bonde, chefe de missão da OIM em Moçambique.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.
Um ataque a Palma, junto ao projeto de gás em construção, a 24 de março provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.
As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.
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