O comunicado do Vaticano sobre a visita de Fernández omitiu qualquer referência às questões discutidas entre o Presidente e o Papa.
A breve declaração forneceu apenas um resumo dos tópicos que Fernández discutiu com o secretário de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros do Vaticano: a pandemia da covid-19, a crise financeira da Argentina e a sua luta contra a pobreza.
A reunião entre os dois chefes de Estado durou cerca de 25 minutos e ocorreu numa sala de estudo lateral ao auditório do Vaticano, em vez de ocorrer no Palácio Apostólico, onde as visitas oficiais de Estado geralmente são realizadas.
O local, muitas vezes usado para reuniões menos formais, foi onde Francisco recebeu a Rainha Isabel II em 2014.
Esta é a segunda vez que Francisco e Fernández se encontram, num relacionamento às vezes tenso do Papa argentino com os Governos de seu país natal.
Francisco recusou-se a voltar à Argentina desde a sua eleição em 2013, segundo amigos para evitar ser usado para fins políticos pelo Governo.
A lei do aborto da Argentina, que Fernández apoiou firmemente, entrou em vigor em janeiro. A lei garante o procedimento até a 14.ª semana de gravidez e, além disso, nos casos de violação ou quando a saúde da mulher estiver em risco.
Fernández, um 'peronista', fez campanha prometendo tornar o aborto legal e gratuito.
A Argentina foi a maior nação da América Latina a legalizar o aborto eletivo, um desenvolvimento que os movimentos feministas saudaram e que pode abrir caminho para uma legislação semelhante em toda a região socialmente conservadora e fortemente católica romana.
Francisco, que repetidamente denunciou o aborto como evidência da "cultura do descarte" de hoje, fez um apelo de última hora antes da votação em dezembro.
O Papa publicou uma mensagem na rede social Twitter observando que Cristo nasceu como um proscrito e "veio ao mundo como cada criança, fraca e vulnerável".
O Papa jesuíta também encorajou os opositores da legislação, escrevendo uma carta em novembro na qual perguntava: "É justo eliminar uma vida humana para resolver um problema? É justo contratar um assassino para resolver um problema?".
Fernández está em Itália no âmbito de uma digressão europeia que começou no domingo em Portugal e também passou por Espanha e França.
Ainda em Itália, o chefe de Estado argentino reúne-se hoje com o Presidente italiano, Sergio Mattarella, e com o primeiro-ministro, Mario Draghi, para conseguir o seu apoio na renegociação da dívida do país com o Clube de París e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
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