Covid-19: ONG de médicos venezuelanos denuncia discriminação na vacinação

Uma organização não-governamental (ONG) venezuelana denunciou hoje que apenas quem tem o Cartão da Pátria estão a ser vacinados contra a covid-19 e que há profissionais de saúde sem aceder às vacinas por não estarem inscritos no Sistema Pátria.

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Lusa
13/05/2021 21:09 ‧ 13/05/2021 por Lusa

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"Chamaram-nos para vacinar, mas não querem vacinar os médicos na Venezuela. Colocaram um aviso em que apenas vão vacinar quem tiver o Cartão da Pátria", denunciou a médica Rosário Martínez, da ONG Médicos Unidos de Venezuela (MUV), através da rede social Twitter.

De inscrição gratuita e voluntária, o Cartão da Pátria, foi lançado em janeiro de 2017 pelo Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com um código de identificação único, personalizado, que permite aos beneficiários acederem a produtos a preços subsidiados pelo Estado e a subsídios em dinheiro em distintas ocasiões, entre outras ajudas.

A imprensa local vincula-o ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, governamental) e tem denunciado que é usado como meio de discriminação, além de quem o detém pode solicitar ajuda através das "missões" ou programas de assistência social do Sistema Pátria.

Segundo Rosário Martínez, "todos os médicos" que desde quarta-feira têm acorrido à Cidade Hospitalar Dr. Enrique Tejera, de Valência (Estado de Carabobo, centro do país) foram "deixados sem vacinas porque simplesmente não tinham o cartão".

Na mesma rede social foi divulgado um vídeo em que é possível ver um cartaz anunciar que "se está a vacinar apenas pessoas da terceira idade registados com o Cartão da Pátria", uma medida que teria sido aplicada a todos os profissionais da saúde.

A MUV tem alertado que o país está a ficar "sem pessoal sanitário" e que já morreram 549 profissionais da área da saúde desde o início da pandemia da covid-19, 12 deles na última semana.

A ONG reúne mais de 4.000 médicos e profissionais da saúde, na Venezuela.

Segundo as autoridades locais, a Venezuela recebeu 930.000 doses de vacinas da chinesa Sinopharm e da russa Sputnik V.

Entretanto, Caracas anunciou ter adquirido mais de 11 milhões de vacinas contra a covid-19, através do Covax.

Segundo a Academia Nacional de Medicina da Venezuela, são necessárias vacinas "para imunizar quase 15 milhões de venezuelanos, ou seja, a 70% da população adulta".

Na sexta-feira, o presidente da Federação Médica Venezuelana, Douglas León Natera, alertou que a Venezuela necessita de 40 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, sublinhando que o número de contágios no país é superior ao divulgado publicamente.

"Apenas chegaram 880 mil (doses) à Venezuela e necessitamos de 40 milhões de doses para imunizar a população venezuelana. O Governo não cumpriu a promessa de comprar dez milhões de vacinas", disse Douglas León Natera.

De acordo com os dados oficiais, o país contabilizou 2.337 mortes associadas ao novo coronavírus SARS-CoV-2 e 210.948 casos da doença, desde o início da pandemia.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.333.603 mortos no mundo, resultantes de mais de 160,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Leia Também: AO MINUTO: Brasil ignorou Pfizer. Vacinados sem máscara nos EUA

 

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