O primeiro-ministro Moctar Ouane, um antigo diplomata que dirige o Governo de transição criado em finais de setembro, após o golpe de agosto, apresentou a demissão da sua equipa ao Presidente de transição, Bah Ndaw, um coronel reformado, e na manhã seguinte foi imediatamente reconduzido, disse a presidência na plataforma social Twitter.
"Os intercâmbios entre o Presidente e o primeiro-ministro começaram quinta-feira à noite, numa possível abertura do Governo", disse um conselheiro do Presidente, citado pela agência France-Presse, sob condição de anonimato.
Moctar Ouane "deve formar um Governo de base ampla, tendo em conta algumas das recomendações do Presidente, que ouviu a classe política, as forças ativas e os líderes religiosos na semana passada", acrescentou.
"O primeiro-ministro acaba de iniciar consultas para a formação da nova equipa governamental", confirmou uma fonte próxima do primeiro-ministro, que também solicitou o anonimato.
Os militares que derrubaram o Presidente Ibrahim Boubacar Keita, em 18 de agosto de 2020, e que continuam a dominar as autoridades de transição instaladas em setembro e outubro, comprometeram-se a devolver o poder aos civis eleitos após 18 meses.
Acaba de ser anunciado um calendário eleitoral, com uma primeira volta das eleições presidenciais e parlamentares em 27 de fevereiro de 2022, bem como um referendo constitucional em 31 de outubro.
No entanto, persistem dúvidas quanto à sua capacidade de cumprir, especialmente num contexto em que a violência 'jihadista' e outras formas de violência continuam sem cessar, surgem novamente dissidências políticas e crescem sinais de descontentamento social.
O Movimento 05 de Junho, um coletivo que encabeçou meses de protestos em 2020, que terminaram num golpe, apelou na semana passada à "dissolução" do Governo de transição e à "revisão" de um importante acordo de paz com alguns grupos armados.
O maior sindicato do país (UNTM), notificou uma greve de quatro dias com início na próxima segunda-feira, que pode ser renovada.
O mediador dos Estados da África Ocidental no Mali, o ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, disse quarta-feira em Bamako que as autoridades podem ter de estabelecer prioridades, dado o pouco tempo que resta para completar a transição.
Jonathan convidou todos os atores a trabalhar "de mãos dadas". Num momento tão delicado, "o que deve prevalecer são os melhores interesses do Mali", e não a adoção de "posições extremas", frisou.
Leia Também: Incentivo à normalização e apoio às microempresas. Regras em vigor amanhã