"A utilização da ajuda humanitária como arma de guerra é uma grave violação do direito humanitário internacional e põe em risco a vida de milhões de pessoas", disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, numa declaração assinada também pelo comissário com o pelouro da Assistência Humanitária, Janez Lenarcic.
Bruxelas tem apelado repetidamente ao acesso humanitário total a todas as áreas, mas a realidade, confirmada pelas Nações Unidas, é que as forças militares estão a manter bloqueios, escreveram os dois responsáveis, numa declaração divulgada hoje por Bruxelas.
"Os bloqueios estão a dificultar que a ajuda chegue às zonas rurais, onde a crise humanitária é mais grave", escreveram, acrescentando que pelo menos 5,2 milhões dos 5,7 milhões de habitantes do Tigray estão a precisar de ajuda alimentar de emergência.
"Segundo a ONU, apenas cerca de 12% dos três milhões de pessoas que necessitam de abrigo de emergência e artigos não alimentares foram ajudados desde 3 de maio", lembraram, para sublinhar que "deve ser prestada uma assistência imediata e em larga escala, a fim de evitar a fome".
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), o partido eleito e no poder no estado, e declarou a vitória em 28 de novembro, ainda que os combates continuem.
O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele, frente à TPLF que, até à chegada de Abiy Ahmed, controlou a Etiópia durante quase 30 anos.
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