O alerta foi feito pelo Conselho Geral das Associações de Médicos (CGCOM, na sigla em espanhol) de Espanha na sequência da entrada irregular desde segunda-feira do número "recorde" de cerca de 6.000 migrantes procedentes do território marroquino (incluindo 1.500 menores) em Ceuta, território espanhol no norte de Marrocos.
As agências internacionais também deram conta hoje que um grupo de 80 migrantes, igualmente procedentes do continente africano, pulou esta terça-feira as cercas fronteiriças e entrou em Melilla, outro enclave espanhol situado junto à costa marroquina e localizado a cerca de 350 quilómetros a leste de Ceuta.
Num comunicado, o órgão representativo dos médicos espanhóis alertou, em primeiro lugar, que a atual situação pode representar "um evidente risco de contágio" pelo novo coronavírus (SARS CoV-2) "devido às aglomerações em locais fechados, à limitação das medidas de higiene e de ventilação ou devido à falta de uso de máscaras" de proteção individual.
A par destes aspetos, os médicos espanhóis referiram também que muitos destes milhares de migrantes estão a chegar a estes territórios "em situação de risco de vida", o que aumenta a pressão sobre os serviços médicos que "já se encontram saturados e com pouco pessoal" e que manifestam "uma exaustão devido aos muitos meses de pandemia".
Perante tal cenário, o órgão exigiu que todas as autoridades assegurem que os centros hospitalares e os respetivos profissionais confrontados com tal situação "tenham todo o apoio possível", de forma "a evitar o colapso do sistema de saúde".
"Deve ser recordado que Ceuta e Melilla são a fronteira sul da Europa e, por isso, o governo deve dar-lhes o devido tratamento", referiu o organismo.
Face à atual situação, que classificou como "preocupante", o CGCOM expressou também o seu "total apoio" aos médicos de Ceuta e de Melilla, colocando à disposição destes profissionais de saúde "todos os serviços técnicos e humanos" úteis e necessários.
O CGCOM acrescentou que apoiou o pedido feito ao Ministério da Saúde espanhol pelos órgãos representativos dos médicos de Ceuta e de Melilla para que estas duas zonas fossem declaradas "áreas de difícil desempenho médico devido à falta de profissionais".
"Um pedido que permanece sem resposta", concluiu a entidade.
Muitos migrantes procedentes de África encaram Ceuta e Melilla como uma porta de entrada para a Europa.
Em 2020, 2.228 migrantes optaram por cruzar estes dois enclaves espanhóis, por mar ou por terra, muitas vezes correndo o risco de morte ou de sofrer ferimentos.
No ano anterior, o número de chegadas irregulares aos dois territórios tinha sido de 7.899, de acordo com os dados do Ministério do Interior espanhol.
Ceuta e Melilla são as únicas fronteiras terrestres da União Europeia (UE) com África.
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