Em reunião extraordinária da Rada Suprema (Parlamento ucraniano), 292 deputados do total de 327 votaram a favor de uma mudança na chefia da pasta da Saúde, de acordo com a agência ucraniana de notícias UNIAN.
Também foram aprovadas as demissões do ministro do Desenvolvimento Económico, Comércio e Agricultura, Ihor Petrashko, e do ministro das Infraestruturas, Vladyslav Krykliy.
O Parlamento recebeu, na sexta-feira, um pedido do primeiro-ministro, Denys Shmygal, para que os deputados votassem a destituição do chefe da Saúde em plena pandemia de covid-19.
"Atualmente, 2,3 milhões de vacinas foram fornecidas à Ucrânia. Isso dificilmente pode ser chamado um trabalho eficaz por parte do ministro da Saúde", afirmou hoje Shmygal aos deputados para justificar a sua decisão de destituir Stepanov, de acordo com a agência Ukrinform.
O primeiro-ministro destacou que, em 2020, os melhores cientistas e médicos do mundo enfatizaram que a vacinação seria a única forma de parar completamente a pandemia e que, portanto, a principal tarefa que Stepanov enfrentaria em 2021 seria a questão da vacinação e, nomeadamente, de fazer chegar à Ucrânia uma quantidade suficiente de vacinas no primeiro semestre do ano.
"Esta tarefa foi encomendada pelo Presidente, o Governo e o Parlamento. As negociações, compras, acordos e entregas atrasaram-se e foram constantemente adiadas", sublinhou Shmygal.
Ao mesmo tempo, acrescentou, o ministro da Saúde assegurou repetidamente que a situação dos atrasos nos fornecimentos seria resolvida num futuro próximo, algo que não aconteceu.
"Portanto, o progresso neste tema é ainda demasiado lento e a comunicação do ministro acerca deste tema em relação ao Governo e à sociedade difere, muitas vezes, da realidade", prosseguiu.
Stepanov ficou surpreendido pelos argumentos do primeiro-ministro, já que é o vice-ministro da Saúde, Viktor Liashko, quem está encarregue da organização da vacinação, investigações epidémicas e testes à covid-19, disse, apesar de admitir que deve assumir a responsabilidade.
Segundo Stepanov, nos termos dos acordos e pactos firmados com o mecanismo internacional Covax, a Ucrânia devia receber 8,1 milhões de doses de vacinas nos dois primeiros trimestres: 3,1 milhões entre janeiro e março e cinco milhões entre abril e junho.
O ministro vincou que os atrasos no fornecimento não afetam apenas a Ucrânia, mas "muitos países do mundo" e que "hoje chegaram 122.850 doses da Pfizer-BioNTech".
Segundo dados oficiais, na Ucrânia, onde o Governo optou pelo fármaco chinês Sinovac e a Covishield, produzida pela AstraZeneca na Índia, até à data receberam a primeira dose 948.330 habitantes, enquanto apenas 27.454 pessoas receberam as duas doses, num país com 40 milhões de habitantes.
O país registou até ao momento, 2,16 milhões de casos de covid-19 (4.095 no último dia) e 48.469 mortes.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.391.849 mortos no mundo, resultantes de mais de 163,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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