Lachgar remeteu a carta num momento em que as tensões diplomáticas aumentam entre Madrid e Rabat devido à hospitalização em Espanha do líder da Frente Polisário, Brahim Ghali, e após a vaga migratória da semana passada no enclave de Ceuta.
"Sim, podemos afirmar que vivemos uma das crises mais graves nas relações entre Marrocos e Espanha, mas sou otimista quanto à saída desta situação que só nos encoraja a tratar as nossas relações de forma séria e radical", afirmou Lachgar.
Na sua carta, o líder socialista marroquino pede "a todo o governo espanhol que deixe de insultar Marrocos" e aborde com Rabat uma "política de amizade e boa vizinhança no quadro da clareza e responsabilidade política e moral ao serviço da paz, segurança e cooperação na região".
Classificando Sánchez como "camarada", Lachgar advertiu o líder do governo espanhol que uma rutura nas relações bilaterais "será prejudicial para os dois povos".
Por outro lado, Lachgar falou detalhadamente sobre a decisão de Espanha de receber o líder da Frente Polisário, Brahim Ghali, num hospital em Logroño -- que desencadeou a atual tensão diplomática entre Rabat e Madrid -- e sublinhou que o conflito do Saara Ocidental é "um episódio de uma abordagem conspiratória para dividir e cercar Marrocos".
Sánchez garantiu hoje em Bruxelas que a chegada de imigrantes irregulares a Ceuta na semana passada representa uma crise entre a União Europeia e Marrocos e garantiu que Rabat não tem melhor aliado do que a Espanha no bloco comunitário.
O primeiro-ministro dirigiu-se a Marrocos para assegurar que não tem "nem melhor, nem maior aliado na União Europeia do que Espanha para defender os importantes interesses estratégicos" para esse país e para a UE.
Sánchez insistiu no caráter estratégico da relação entre a UE e Marrocos e pretende que a mesma seja o mais construtiva possível.
Ceuta e Melilha, as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com África, são regularmente palco de tentativas de entrada de migrantes, mas a maré humana da semana passada não tem precedentes.
A Frente Polisário, considerada como um grupo terrorista por Rabat, reivindica o direito à autodeterminação no Saara Ocidental, território que foi colónia espanhola e posteriormente ocupado pelo Marrocos.
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