Iraque: Milhares manifestam-se e exigem justiça para militantes
Milhares de iraquianos manifestaram-se hoje em Bagdade para exigir o julgamento e punição dos responsáveis pela morte de militantes anti-regime, e evitar a repetição dos crimes.
© Murtadha Al-Sudani/Anadolu Agency via Getty Images
Mundo Iraque
Ao som da palavra de ordem "Quem me matou?" e exibindo fotos das vítimas abatidas por indivíduos armados de pistola com silenciador, os manifestantes reuniram-se nas três principais praças da capital, Tahrir, Ferdaous e al-Nossur, rodeados por forte aparato policial.
Os participantes eram provenientes de Bagdade, mas também de Kerbala, Najaf e Nassiriya, onde foram cometidos os crimes.
Em 09 de maio, na cidade santa de Kerbala, homens armados abateram Ehab al-Ouazni, que denunciava os grupos armados e a influência do Irão no seu país. No dia seguinte, um jornalista foi também visado num atentado e encontra-se em coma.
Desde o início da revolta em outubro de 2019, mais de 70 militantes foram vítimas de assassínios ou tentativas de assassínio, enquanto dezenas de outros foram sequestrados por um breve período.
Os militantes pró-democracia consideram que os autores dos atentados são conhecidos pelos serviços de segurança, mas apesar das promessas do Governo não são detidos por manterem ligações com o Irão, o poderoso vizinho.
Os manifestantes, na maioria jovens, também brandiram as palavras de ordem "Com a nossa alma e o nosso sangue, sacrificamo-nos por ti, Iraque", "O povo quer derrubar o regime" e "Revolução contra os partidos".
Desde o derrube do regime de Saddam Hussein em 2003 na sequência da invasão militar dos Estados Unidos que os partidos controlam a vida política e económica do país, com a corrupção instalada em todos os setores estatais.
Os manifestantes consideram que um "candidato livre" sem ligações a partidos políticos corre o risco de ser morto, e considera o escrutínio legislativo previsto para outubro uma forma de "reciclar" os políticos corruptos.
Até ao momento, 17 grupos apelaram ao boicote das eleições legislativas, anunciadas como uma forma de reimpor a paz civil após meses de manifestações contra a corrupção e a classe política.
Cada grupo apresentou listas para as eleições e previam um forte apoio popular para poder alterar o sistema pelo voto. No entanto, a situação alterou-se com o assassínio de Ouazni e o atentado contra o jornalista Ahmed Hassan.
No entanto, o medo é palpável: "Há muita gente infiltrada entre os manifestantes. Tiram-nos fotos para nos ameaçarem e matam os militantes quando partirmos. São as milícias e os partidos que estão por detrás dos crimes", disse em declarações à AFP um dos ativistas.
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