"Toda a responsabilidade pelo colapso do Tratado de Céus Abertos é dos Estados Unidos", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, num comunicado.
Na quinta-feira, o Governo dos EUA informou a Rússia que não vai regressar ao pacto de controlo de armamento, apesar de as duas partes estarem a preparar uma cimeira em junho entre os seus líderes.
Para Moscovo, os EUA, tal como quando anunciaram em maio de 2020 a sua retirada do pacto - medida que entrou em vigor em novembro passado -- justificam agora a sua decisão "destrutiva" "com acusações loucas, politizadas contra a Rússia, que nada têm a ver com a realidade".
Quando abandonou o tratado, o Governo dos EUA argumentou que a Rússia impedia a monitorização independente dos seus exercícios militares aéreos e não permitia voos sobre regiões onde Moscovo tem armas nucleares apontadas à Europa, nomeadamente em Kalinegrado.
Na sua justificação para o não regresso ao tratado nos atuais termos, os EUA lembram que a Rússia também não permitiu voos próximos às regiões georgianas separatistas da Ossétia do Sul.
A Rússia - que também anunciou a sua saída do tratado, logo a seguir à decisão de Washington - sempre negou que tivesse violado o acordo e, por sua vez, acusou os Estados Unidos de não o respeitar.
Em várias reuniões em Viena, Moscovo tentou salvar o acordo com os outros parceiros e propôs medidas específicas para permanecer dentro do tratado e manter a sua viabilidade, com a condição de os demais membros o cumprirem.
A Rússia queria ter certeza de que os dados coligidos durante os voos de observação sobre os territórios dos estados-membros são mantidos dentro da esfera dos países participantes, não os fornecendo aos Estados Unidos, exigindo garantias escritas nesse sentido.
Sem o acordo dos parceiros para as exigências de Moscovo, a câmara baixa do Parlamento russo, no dia 18, aprovou a retirada da Rússia do tratado, mas adiou a votação na câmara alta para 02 de junho, para dar uma "última hipótese" para os EUA retificarem a sua posição.
"Este passo de Washington demonstra mais uma vez o seu desprezo não só pela segurança europeia, mas também pelos interesses dos seus próprios aliados, que lhe pediram para reconsiderar a decisão tomada" pelo Governo do ex-Presidente dos EUA, Donald Trump (2017- 2021), argumentou a diplomacia russa, no comunicado.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo acusou ainda os EUA de pedirem a outros países para fortalecerem a transparência em questões militares, ao mesmo tempo que encerram o seu território a operações de observação externa.
"Estamos convencidos de que os EUA cometeram outro grava erro político", concluiu a diplomacia russa.
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