"Estamos profundamente preocupados com a detenção do cidadão norte-americano Daniel Fenster, que trabalha como jornalista, em Myanmar", afirmou um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.
"Exortamos o regime militar a libertá-lo imediatamente e vamos continuar a fazê-lo até que ele tenha autorização para voltar para casa e para a sua família em segurança", acrescentou o porta-voz da diplomacia norte-americana, precisando que a embaixada dos EUA em Rangum solicitou ter acesso ao detido, pedido esse que se revelou, até à data, infrutífero.
Perante tal situação, o representante do Departamento de Estado norte-americano exortou o regime militar birmanês a autorizar o acesso consular, "como previsto pela Convenção de Viena [sobre relações diplomáticas]".
Daniel Fenster, de 37 anos, responsável editorial da Frontier Myanmar, foi detido na segunda-feira no aeroporto de Rangum quando se preparava para apanhar um avião para a Malásia.
Já na semana passada, o jornalista independente japonês Yuki Kitazumi, detido juntamente com presos políticos na sequência do golpe de Estado em Myanmar em fevereiro passado, disse que a sua prisão fora uma advertência para intimidar os 'media' estrangeiros no país.
"A detenção de Daniel, bem como a prisão ou o uso de violência por parte do exército birmanês contra outros jornalistas, constitui um ataque inaceitável à liberdade de expressão em Myanmar", disse o mesmo porta-voz norte-americano, insistindo na necessidade de "'media' livres e independentes, indispensáveis para a construção de sociedades livres, resilientes e prósperas".
A maioria dos jornalistas birmaneses encontra-se atualmente na clandestinidade no interior do país ou estão no estrangeiro, e continuam a informar sobre a situação no país.
Myanmar encontra-se numa situação de caos, com a economia paralisada, desde o golpe de 01 de fevereiro.
A repressão da oposição já fez mais de 800 mortos e dezenas de milhares de civis estão deslocados devido aos confrontos entre o exército e as milícias étnicas, numerosas no país.
O exército de Myanmar justificou o golpe de Estado com supostas fraudes eleitorais durante as legislativas de novembro de 2020 cujo resultado deu a vitória à Liga Nacional para a Democracia, força liderada por Aung San Suu Kyi.
As eleições legislativas foram consideradas legais pelos observadores internacionais.
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