Em entrevista ao Le Journal du Dimanche (JDD), publicada hoje, o Presidente afirma que "nunca na vida" a França irá ter soldados no Mali caso se verifique "mais islamismo radical" no país.
"Ao Presidente do Mali, Bah N'Daw, que foi muito rigoroso quanto ao acordo entre o poder e os 'jihadistas', eu disse: mais islamismo radical no Mali com nossos soldados lá? Nunca na vida! Existe hoje essa tentação no Mali, mas se caminhar nesse sentido, iremos nos retirar", afirmou Macron na entrevista, citado pela agência France-Presse.
O chefe de Estado francês disse ainda ter "enviado a mensagem" aos dirigentes da África Ocidental de que "não ficaria ao lado de um país onde já não existe legitimidade democrática ou transição".
"Digo isso com lucidez, se formos cúmplices do fracasso da África, seremos responsáveis, mas também pagaremos caro, especialmente em termos de migração", acrescentou Macron.
A entrevista ao semanário surge depois de o Presidente francês ter feito uma viagem ao Ruanda e à África do Sul.
A França tem cerca de 5.100 militares em Barkhane, onde apoia o Mali, país que enfrenta desde 2012 uma grave crise de segurança devido ao conflito com 'jihadistas' radicais.
O Tribunal Constitucional do Mali declarou hoje o coronel Assimi Goïta Presidente da transição, supostamente para abrir caminho ao regresso dos civis ao poder no Mali.
O coronel Goïta, homem forte no Mali desde o golpe de Estado que liderou em 18 de agosto de 2020 com um grupo de oficiais, prendeu o Presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouane na segunda-feira.
Assimi Goïta anunciou na terça-feira que os havia demitido dos seus cargos. A demissão foi então apresentada como renúncia, sem que se soubesse se foi voluntária.
Entretanto, Bah Ndaw e Moctal Ouane foram libertados durante a noite de quinta-feira.
A libertação foi uma das reivindicações da comunidade internacional face ao que corresponde ao segundo golpe de Estado no Mali em nove meses.
Desde a sua independência de França, em 1960, o Mali foi palco de vários golpes de Estado, resultantes de motins por militares em 1968, 1991, 2012 e 2020.
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