Descoberto fóssil de ave gigante que conviveu com dinossauros
Uma equipa de paleontólogos espanhóis e com a participação da Universidade Nova de Lisboa descobriu um fóssil de uma ave gigante, que conviveu com os últimos dinossauros da Península Ibérica, anunciou em comunicado a entidade portuguesa.
© Getty Images
Mundo Península Ibérica
Trata-se da "primeira descoberta" de um fóssil deste género, realça a Nova, referindo que esta descoberta "reforça a importância dos Pirenéus de Huesca [em Espanha] para estudar a biodiversidade do fim dos tempos dos dinossauros".
O estudo foi realizado por um grupo de paleontólogos liderado por membros da Universidade de Saragoça, em Espanha, e com a participação da Universidade Nova de Lisboa e "descreve, pela primeira vez, um fóssil de uma ave gigante do Cretácico Superior nos Pirenéus".
Neste estudo, publicado no "Journal of Vertebrate Paleontology", colaboraram também investigadores de universidades das Ilhas Canárias e da Argentina.
O fóssil, explica a Nova, "é uma vértebra cervical pertencente a uma ave grande, semelhante em tamanho a um casuar (1,5-1,8 metros de altura), e que teria um pescoço longo e flexível".
Segundo a mesma fonte, o fóssil foi "comparado com vértebras de dinossauros terópodes e pássaros atuais e extintos de todo o mundo, após o que sua natureza aviária foi claramente evidenciada, embora mais primitiva do que as aves atuais".
A investigação incluiu a realização de uma Microtomografia Axial Computadorizada (micro TAC) da vértebra, no laboratório do Centro Nacional de Investigación de La Evolución Humana, em Espanha, "para estudar sua estrutura interna", o que "permitiu observar uma estrutura oca com múltiplas cavidades e câmaras, típica de um sistema respiratório de sacos aéreos semelhante ao das aves modernas".
Este fóssil foi encontrado em 2009 nos afloramentos de rochas sedimentares continentais da Formação Tremp em Beranuy, na área da Ribagorza, da província espanhola de Huesca, na comunidade autónoma de Aragão.
A datação situa essas rochas nos últimos 250 mil anos do Cretáceo, temporariamente muito próximas do limite Cretáceo/Paleogénico e da extinção dos dinossauros.
A Universidade Nova realça que "o achado desta ave é muito relevante para a paleontologia de vertebrados europeus, pois embora a presença de aves de grande porte fosse conhecida no Cretáceo da Europa, nunca havia sido registada uma tão perto do limite Cretácico/Paleogénico. Esta vértebra, portanto, é a evidência mais moderna de um pássaro mesozóico na Europa, e mostra que pássaros grandes coexistiram com outros dinossauros pouco antes de sua extinção. Isso pressupõe que as comunidades animais continentais no final do Cretácico na Península Ibérica eram mais diversificadas do que se conhecia anteriormente".
Resta agora saber o papel que esse animal desempenhou naqueles ecossistemas e as suas relações de parentesco com outras aves, adianta a mesma fonte.
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