Crise atual com Espanha é "um teste de fiabilidade", diz Rabat

Marrocos vê a crise gerada pela presença do líder da Frente Polisário em Espanha como um "teste de fiabilidade" para a parceria bilateral e insiste numa "clarificação inequívoca", declarou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino num comunicado.

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Lusa
31/05/2021 16:15 ‧ 31/05/2021 por Lusa

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"A crise não está ligada ao caso de um homem (...) É antes de mais uma história de confiança e de respeito mútuo rompido entre Marrocos e Espanha. É um teste para a fiabilidade da parceria" bilateral, afirma o texto divulgado na véspera da audição de Brahim Ghali pela justiça espanhola.

Hospitalizado em Espanha desde meados de abril, o líder do movimento independentista saaraui apoiado pela Argélia deve ser ouvido na terça-feira por videoconferência no contexto de duas investigações por "tortura" e "genocídio".

Marrocos, que ocupou a maior parte da antiga colónia espanhola do Saara Ocidental, propõe uma autonomia sob a sua soberania para o território.

O acolhimento de Ghali, que Madrid justificou com "motivos humanitários", provocou a ira de Rabat, que respondeu relaxando o controlo fronteiriço em meados de março, deixando passar milhares de migrantes para o enclave espanhol de Ceuta.

"Estas dificuldades nunca nos devem fazer esquecer que a solidariedade é para a parceria o que a confiança é para a boa vizinhança", sublinha o ministério marroquino, negando qualquer forma de "chantagem".

Para Marrocos, a crise "não pode resolver-se apenas com a audição" do líder da Polisário, é necessário que Espanha comece por uma "clarificação inequívoca (...) das suas escolhas, decisões e posições" em relação ao Saara Ocidental.

Rabat pede com insistência há vários dias um inquérito "transparente" às condições de chegada a Espanha do chefe independentista, que, segundo os serviços marroquinos, viajou de modo "fraudulento", "com um passaporte falso".

Brahim Ghali, 71 anos, deve responder sobre uma queixa por "tortura" apresentada por um dissidente da Frente Polisário naturalizado espanhol.

A justiça espanhola abriu ainda um processo contra ele por "crimes contra a humanidade" após uma queixa antiga apresentada por uma associação saaraui acusando-o de "violações dos direitos humanos" em relação a dissidentes dos campos de refugiados de Tinduf (oeste da Argélia).

Após quase 30 anos de cessar-fogo, as hostilidades entre as forças marroquinas e a Frente Polisário recomeçaram em meados de dezembro. O processo de resolução política, liderado pela ONU, está paralisado desde a primavera de 2019.

Leia Também: Espanha já 'devolveu' a Marrocos mais de oito mil pessoas

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